segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Músicos Compositores Eruditos Brasileiros

* Educadora Musical e Regente de Coral, com formação pelo Conservatório de Tatuí
Olá amigos!
Iniciamos na semana passada nossa conversa sobre Música Erudita Brasileira, e Heitor Villa-Lobos foi nosso anfitrião desse papo. Hoje, eu quero destacar outros grandes nomes de nossa história musical erudita:

CARLOS GOMES Antonio Carlos Gomes - Nasceu em Campinas em julho de 1836 e morreu em Belém, em setembro de 1896. Foi o mais importante compositor de ópera brasileiro. Teve destaque na Europa por conta de seu estilo surrealista. Foi o primeiro brasileiro a apresentar suas obras no Teatro Alla Scala. Sua ópera mais conhecida é “O Guarani”. Começou compor aos seus 15 anos de idade: valsas, quadrilhas e polcas. Com 18 anos compôs a primeira Missa (peça Erudita Sacra). Lecionava piano e canto, ainda moço, aos 23 anos. Sua preferência por Verdi era notória. Uma obra de Carlos Gomes muito conhecida além da ópera “O Guarani”, é “Quem Sabe?”, poesia de Bittencourt Sampaio com  música de Carlos Gomes.

Carlos Gomes é autor de inúmeras obras de sucesso, vamos ouvir as duas obras citadas acima. Aqui, a ópera “O Guarani”, na íntegra para quem quiser assistir. Vale muito conhecer as criações do nosso povo:

Carlos Gomes - Il Guarany (O Guarani) - Ópera encenada no Festival Internacional de Ópera da Amazônia no Theatro da Paz em agosto de 2007:


Uma curiosidade sobre Carlos Gomes: Pietro Mascagni (autor de Cavalleria Rusticana), que era amigo de Carlos Gomes, em uma visita a São Paulo ficou intrigado com o monumento da Praça Ramos de Azevedo erguido em homenagem a Carlos Gomes: "Admirei o conjunto, mas não reconheci a fisionomia do maestro esculpida no bronze", conta. "Soube depois que se tratava do busto do General José Gomes Pinheiro Machado. Não me contive e fui procurar o Sr. Washington Luís, que a princípio se mostrou incrédulo, só se convencendo com provas. O governo mandou retirar o busto e substituí-lo pelo verdadeiro". Graças a Mascagni, a estátua que vemos junto ao Theatro Municipal hoje tem a cabeça certa.” 

Vamos ouvir a “Quem Sabe” (Carlos Gomes e F.L. Bittencourt Sampaio), interpretada pela soprano brasileira Maria Lúcia Godoy - Ano de 1979:


Por todo o mundo os compositores eruditos buscam inspiração para suas obras nas tradições populares de seus países. Em nosso país, o folclore foi e ainda é inspiração para muitos compositores. De Alberto Nepomuceno a Edmundo Villani, temos inúmeras obras com essa temática.

Houve um tempo em que a música erudita era considerada por muitos como cafona, e em muitas casas, inclusive renomados conservatórios vimos a música erudita brasileira, especialmente a cantada, ser deixada de lado, até que grandes nomes de nossa música popular brasileira passaram a cantar peças desses compositores maravilhosos.

Um exemplo dessa reviravolta, retomando através de uma releitura, a nossa belíssima musica brasileira é a gravação de um trabalho de Ney Matogrosso, Wagner Tiso e João Carlos Assis Brasil “As Flores - com composições de Heitor Villa Lobos: Aqui você pode ouvir as faixas desse Cd:

http://www.radio.uol.com.br/#/album/joao-carlos-assis-brasil-ney-matogrosso-e-wagner-tiso/a-floresta-do-amazonas-de-villa-lobos/18696

Na semana passada ouvimos “O Trenzinho do Caipira” de Villa-Lobos interpretado pelo Grupo de Referencia do Projeto Guri. Ney Matogrosso também o interpreta e coloca o toque da música popular brasileira nos arranjos de guitarra, contrabaixo e bateria:


Quem não conhece Chiquinha Gonzaga?

CHIQUINHA GONZAGA Francisca Edwiges Neves Gonzaga, mais conhecida como “Chiquinha Gonzaga” nasceu no Rio de Janeiro em outubro de 1847 fevereiro de 1935. Foi compositora, regente e pianista brasileira, sendo a primeira pianista de “choro”. Ela foi autora da primeira marchinha de carnaval: “Ô Abre Alas, 1899) e também foi a primeira mulher a reger uma orquestra brasileira. Ela enfrentou muitos preconceitos para que sua música fosse vista com respeito. Filha de pai general do Exercito Imperial Brasileiro e de mãe negra, muito humilde.

Chiquinha tinha a rigidez aristocrática da família de seu pai de um lado e as rodas de lundu da herança cultural de sua mãe do outro. Essa mistura cultural lhe trouxe a técnica que os estudos lhe proporcionaram através de seu pai e a incrível percepção para a música que surgiu das tradições do povo brasileiro que sua mãe trazia.

Ela freqUentava rodas de lundu, umbigada e outros ritmos oriundos da África desde cedo.  Ela buscava nesses encontros a sua identificação musical com os ritmos populares vindos das rodas dos escravos. Como dissemos na semana passada, a maior parte de nossa musica erudita brasileira está baseada no folclore e historia da escravidão indígena e negra.

Tivemos uma minissérie sobre a Chiquinha. Na minissérie tivemos as três fases da vida de Chiquinha Gonzaga, interpretadas pelas atrizes Gabriela Duarte e sua mãe Regina Duarte. Quero mostrar a vocês um exemplo da obra de Chiquinha. Marina Bethania canta Lua Branca de forma comovente:  MARIA BETHÂNIA - LUA BRANCA - HSBC Brasil - São Paulo - 30.03.2013:


Ouçam que linda interpretação das “As Choronas” de Atraente/Corta Jaca  = Choronas - Atraente / Corta Jaca (Chiquinha Gonzaga) - Instrumental SESC Brasil - 28/11/2011:


Demos somente mais dois exemplos entre tantos que temos de nossos músicos eruditos maravilhosos. 

Vale a pena dar uma olhada na Lista de compositores eruditos brasileiros:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Categoria:Compositores_eruditos_do_Brasil – e buscar suas obras no youtube. 

Tenho certeza que você vai reconhecer músicas que antes ouvia, mas não podia imaginar se de um músico erudito de nossa terra!

Boa pesquisa para todos! Até a próxima semana.

Nenhum comentário:

Postar um comentário