segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Nosso "Poetinha" faz aniversário

*Educadora Musical e Regente de Coral, formada pelo Conservatório de Tatuí

Soneto do Amor Total                                                                                                                                                                                 (Vinicius de Moraes)

Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.

     
Nesse ano estamos comemorando datas de nascimento e morte de vários músicos extraordinários, e não poderíamos deixar de falar do centenário de nascimento de nosso grande poeta Marcus Vinícius da Cruz de Mello Moraes – Vinícius de Moraes.

Ele foi diplomata, jornalista, dramaturgo, poeta e compositor brasileiro. Nasceu em 19 de outubro de 1913 no Rio de Janeiro e faleceu em 9 de julho de 1980, também no Rio, devido a problemas e isquemia cerebral.

A história de Vinícius e suas parcerias musicais são de uma qualidade ímpar. Uma dessas parcerias que, com certeza se eternizou pela excelência, foi “Garota de Ipanema”, com Tom Jobim. Essa música é conhecida no mundo todo, tornou-se um “hino” da música popular brasileira, sendo regravada por nomes ilustres como Frank Sinatra.


Formou-se em Direito, mas não exerceu a advocacia. Trabalhou como censor cinematográfico, época em que ganhou uma bolsa de estudos para Londres. Estudou inglês e literatura na Universidade de Oxford, trabalhou na BBC londrina até 1939.

Como Diplomata, trabalhou nos Estados Unidos e em Paris, depois em Montevidéu. Voltou ao Brasil em 1964 e, no ano de 1968, ele é aposentado pelo Ato Institucional Número Cinco (AI5). Jamais parou de escrever, mesmo trabalhando como diplomata.

Quando ele retornou ao Brasil, após sua aposentadoria, passou a dedicar-se exclusivamente à poesia e à música. A obra de Vinícius é vasta, abrangendo a literatura, música e cinema. Seus principais parceiros musicais foram: Carlos Lyra, Toquinho, Tom Jobim, Baden Powell, João Gilberto e Chico Buarque.

Entre suas obras, podemos destacar a trilha sonora do filme Orfeu Negro, que foi premiada com a Palma de Ouro no Festival de Cinema de Cannes e o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

Na parceria com Edu Lobo, ele ganhou o Primeiro Festival Nacional de Música Popular Brasileira com a música “Arrastão”. Em 1961, compôs a obra “Rancho das Flores”, baseada no tema “Jesus, Alegria dos Homens”, de J.S. Bach.

Vinícius de Moraes era intenso, muito romântico, era um pai amoroso e dedicado, um amigo fiel e ciumento. 

Era também famoso por fazer seus shows sempre com um copo de uísque na mão e por seus inúmeros casamentos. Casou-se nove vezes e teve cinco filhos.

Essa homenagem aos amigos é uma “belezura”:

“Eu talvez não tenha muitos amigos.

Mas os que eu tenho são os melhores que alguém poderia ter.

Além disso, tenho sorte, porque os amigos que tenho têm muitos amigos e os dividem comigo.

Assim o meu número de amigos sempre aumenta, já que eu sempre ganho amigos dos meus amigos.

Foi assim aqui, uns eu ganhei há tempos, outros são mais recentes.

E quem os deu não ficou sem eles, pois a amizade pode sempre ser dividida sem nunca diminuir ou enfraquecer.

Pelo contrário, quanto mais dividida, mais ela aumenta.

E há mais vantagens na amizade: é uma das poucas coisas que não custam nada e valem muito, embora não sejam vendáveis.

Entretanto, é preciso que se cuide um pouco das amizades. As mais recentes, por exemplo, precisam de alguns cuidados... Poucos é verdade, mas indispensáveis.

É preciso mantê-las com certo calor, falar com elas mais amiúde e, no início, com muito jeito.

Com o tempo elas crescem, ficam fortes e até suportam alguns trancos.

Prezo muito minhas amizades e reservo sempre um canto no meu peito para elas.

E, sempre que surge a ocasião, também não perco a oportunidade de dar um amigo a um amigo, da mesma forma que eu ganhei.

E não adiantam as despedidas, de um amigo ninguém se livra fácil.

A amizade, além de contagiosa, é totalmente incurável.”

Vinicius de Moraes

Se formos falar da vida e obra desse grande mestre brasileiro, ficaríamos aqui por muito tempo, mas é preciso destacar mais uma “via” de suas criações e parcerias de sucesso: Com Toquinho, talvez a parceria mais produtiva, compôs: “Aquarela”, “A Casa”, “As Cores de Abril”, “Maria Vai com as Outras”, “Morena flor”, “A Rosa Desfolhada”, “Para Viver Um Grande Amor” e “Regra de Três”.  Dentro das obras criadas para as crianças temos o álbum “Arca de Noé”, lançado em 1980, e que contou com vários intérpretes. Esse álbum é conhecidíssimo, pois originou um especial para a televisão brasileira.

Músico brasileiro de excepcional riqueza poética e criação diversificada, que caminhava dos temas de amor, para temas infantis, além de falar em suas canções e poesias sobre temas sociais do seu tempo. Um exemplo claro do envolvimento do “Poetinha” com a sociedade e suas lutas foi a parábola “O Operário em Construção”, um dos maiores poemas de denúncia da literatura nacional.

Quero terminar nossa conversa de hoje compartilhando com vocês uma das parcerias “românticas” que
mais gosto:

“Se todos fossem iguais a você” - Tom e Vinicius


Para quem quiser saber mais sobre a obra de Vinícius indico esse site:

http://www.viniciusdemoraes.com.br/

Até a próxima semana amigos.

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