sábado, 19 de outubro de 2013

Língua Portuguesa: por que as diferenças?

* Professora de Língua Portuguesa e escritora
  
Muitas vezes nos pegamos a pensar nas diferenças entre a Língua Portuguesa praticada nas diversas regiões onde ela foi disseminada, mormente entre Brasil e Portugal.



Estive a observar isso quando participei da seleção de contos dos concorrentes ao Concurso de Contos “Cidade de Araçatuba”, ocasião em que recebemos textos de outros lugares (como da África e de Portugal) onde se fala e se escreve o Português. Como lemos as histórias contadas por escritores de diversas regiões, notamos diferenças em sintaxe, vocabulário, e até no estilo da narração. As mais acentuadas, porém, é no vocabulário, com certeza.

Estudiosos do assunto apontam muitas causas para que isso aconteça e, entre elas estão: a distância geográfica entre os falantes, os diferentes tempos da existência do povo de cada lugar, as miscigenações, as influências da cultura e do costume de cada imigrante.

Mesmo aqui no Brasil, país de tão vasto território, há diferenciação entre o Português falado (e por consequência o escrito) nas diversas regiões de norte a sul, do leste ao oeste. As semelhanças, porém, ficam por conta de regras que regem o uso da língua lusitana e garantem a unidade necessária para que ela não desapareça de vez, com o passar do tempo, pois a morfologia e a sintaxe, a estrutura e a formação das palavras e a fonética são o ponto de apoio de qualquer língua.

No entanto as diferenças existem porque a língua falada é dinâmica e tem uma força descomunal na evolução (ou na revolução) do sistema linguístico, principalmente pela adequação de vocabulário e fonética no linguajar de cada povo, de cada região.

Mas voltando aos textos dos contos de escritores dos lugares onde a língua Portuguesa é oficializada, chamou-nos especial atenção a preservação dos fatores gramaticais citados, assim como a coerência entre os diferentes escritos, causando-nos a sensação de proximidade, mesmo que muitos autores estejam distantes, aqui no Brasil ou fora dele. O falar e escrever a mesma Língua Portuguesa torna-nos oficialmente irmãos na comunicação de nossas ideias.

Faz-se necessário, porém, lembrar que ao escrevermos, nós que nos dedicamos a isso, temos o dever moral de não deixar morrerem as palavras perdidas de nossa Língua, de redescobri-las em nossos textos, empregando-as adequadamente, como nos diz Joel Silveira em seu texto, As Palavras: ”As palavras, há tanto tempo sem uso, tenho de descobri-las, ir buscá-las na memória enevoada.......... Eram tantas, sentiam-se asfixiar, queriam a liberdade – e se libertavam.”

Libertemos, portanto, as nossas palavras de suas jaulas, onde quer que estejamos: cultivemos a Língua Portuguesa.

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