terça-feira, 29 de outubro de 2013

Corinthians na 2ª Divisão e Mulher Melancia com novo hit

* Jornalista e escritor
Por que será que as pessoas se interessam tanto pelo banal, pela miséria, fofoca, catástrofes, pelo fútil e o deplorável? Por que será que a notícia ruim é a que vira manchete em jornais impressos e televisivos? Qual a magia que seduz milhões de telespectadores para programas grotescos e bizarros com bundas de fora, vômitos e outras porquices?

Às vezes me pego a pensar nessas questões para ver se há alguma explicação razoável. Já ouvi ou li alguma coisa sobre essa propensão de o ser humano se ligar à miséria de seus pares. Acho que tem até filósofos e estudiosos que se debruçam nisso e chegam a algumas conclusões explicáveis. Mas, de verdade, não consigo ser convencido de que essas coisas é que têm que aparecer na tevê, ocupar as manchetes de jornais ou mesmo ser a grande opção para a população.

Outro dia – numa das raras vezes que pego pra sapear programas televisivos – deparei-me com um que se propunha a dialogar com crianças e adolescentes, de caráter “educativo” e... lá estavam dançarinas com suas bundas à mostra e, como convidada especial, uma tal de Anita. E “prepara”: Sabe um dos temas que ela escolheu para partilhar com a meninada: suas aventurais amorosas no AP novo.

Depois queremos solução pra “mensalação”, “construção de estádios”, “falta de médicos”, “melhorias na educação” e tantas outras urgências que, se fôssemos um pouco mais politizados, não sairíamos das ruas nunca.

E o exemplo que dei da tevê é somente um. E dele fiz uso porque grande parte do dia de nossas crianças e adolescentes é defronte a este aparelho (principalmente nas camadas mais pobres, ou seja, a maior parte de nossos brasileirinhos).

A banalização está à nossa volta o tempo todo. E o pior: parece que já estamos tão acostumados com “o que não presta” que já criamos até certo ânimo para conviver com tudo isso. Se há uma goteira pingando no travesseiro, a gente muda a cabeça do lugar e está tudo resolvido; se o problema é com o abastecimento de água, a gente enche alguns tambores e vai tirar um cochilo; o salário é uma miséria, a gente faz alguns bicos no final de semana ou vende Jequiti que tudo está resolvido...

Um dos problemas do brasileiro é este: “Pra tudo se dá um jeitinho”. Até para continuar sofrendo. A CPMF não era pra ser provisória? Até hoje está aí, mesmo que com outro nome. Não era pra gente economizar energia por conta do apagão? Depois tivemos que pagar taxa extra porque economizamos. E os vinte centavos da condução? Só não foram postos na passagem de ônibus, mas que tivemos que pagá-los, ah, tivemos!

E o Corinthians e a Mulher Melancia? Era só pra você ler o texto. Afinal, é isso que atrai o brasileiro, não é mesmo?

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