terça-feira, 15 de outubro de 2013

COMEMORAR O QUÊ, PROFESSOR?

*Professor, jornalista e escritor
Em primeiro lugar, parabéns aos meus colegas professores por nosso dia. Parabéns aos professores. Entretanto, algumas considerações sobre nosso ofício:


a) É verdadeiro que a Educação é o elemento fundamental para o crescimento de uma nação, para a ampliação de nosso intelecto, para que não sejamos ludibriados seja lá com o que for. E isso não é nenhum exagero. É, ainda, no ambiente escolar que nossas experiências com o saber e o conhecimento sistematizado se dão de forma mais efetiva. E, talvez, por isso mesmo, ela – a Educação – continue sendo importante em nosso País apenas no discurso;

b) Não, os professores não são respeitados como deveriam. O profissional professor é aquele tipo de ser humano que deveria ser tratado com todas as cordialidades possíveis porque é ele que, sem ser psicólogo, dilui dilemas; sem ser economista, ensina cálculos e as contas das mais diversas; sem ser advogado ou juiz, concilia conflitos; sem ser artesão ou artista plástico, decora festas, faz lembrancinhas, pinta, borda, dança e anima eventos...

c) Não, os professores não têm condições de trabalho. De modo geral, os ambientes onde os professores trabalham são precários, com iluminação e ventilação inadequadas, com prédios e mobiliários caindo aos pedaços, salas superlotadas e, aqui em nossa região, com esse “calor do inferno” que tira o humor de qualquer um. Além disso, escola, hoje, é sinônimo de “depósito humano”, onde crianças, adolescentes e jovens são “despejados” e a escola que “se vire” para dar conta de valores, princípios, vocabulário, higiene pessoal, entre tantas outras ações que, originalmente, são de responsabilidade da família, da igreja, e de outros circuitos frequentados por eles;

d) Não, não somos remunerados como deveríamos. Vários cursos técnicos, que exigem apenas Ensino Médio, têm salários duas ou três vezes superiores aos nossos. Com exceção dos professores das Universidades Públicas ou de renomadas instituições privadas de ensino superior , os salários dos professores, para uma jornada de 40 horas por semana, ficam, em média, na casa dos R$ 2.000,00. Agora, raciocine comigo, como um profissional pode trabalhar motivado ou um estudante se entusiasmar por uma carreira que exige tanto da gente, ao mesmo tempo tão mal remunerada? Não há vocação que aguente;

e) Qualquer um pode ser professor neste País, até mesmo quem não tem formação para tal. Ainda hoje tenho aula com “professores” que não são professores; que sequer ouviram falar em “didática”, em “metodologia”; que nunca passaram por um curso de licenciatura, mas que dão aula, que são “amigos da escola”... Desconheço grupos “amigos dos médicos”, “amigos dos advogados”, que estejam exercendo estes ofícios sem a formação exigida.

Gostaria muito de, neste Dia do Professor, ter mais motivos para ficar feliz e olhar com otimismo para Educação brasileira. Mas, infelizmente, não é assim que me sinto hoje.

*Professor da Educação Básica e do Curso Superior. Efetivo, por meio de concurso público, nos sistemas municipal e estadual de ensino.

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