sexta-feira, 4 de outubro de 2013

CASAS DE 2010

* Graduando em Arquitetura e Urbanismo pelo Mackenzie
Esta é a última postagem da série sobre casas. Já conversamos sobre casas de 1950, 1970, 1990 e, agora, vamos fechar esse tema falando das casas de 2010. Para esta ocasião, decidi fazer algo especial e publicar somente casas de arquitetos brasileiros. Mas antes de apresentar as obras, gostaria de fazer algumas considerações sobre as publicações anteriores e, também, sobre as casas que abrem o século XXI.

É muito difícil dizer que determinadas características estéticas pertencem somente a um período da arquitetura. As aulas de história da arte já nos ensinaram que os períodos e movimentos não têm datas específicas de início e fim. Sabemos, também, que a categorização de determinado movimento é uma atitude posterior; muitas vezes, o próprio arquiteto não consegue identificar sua obra como parte daquele movimento. Por isso, tudo o que foi dito aqui como características do movimento moderno nas casas de 1950 pode ser muito bem aplicado nas casas de 2010.

Ora, eu poderia escolher milhares de perspectivas para falar das casas de 2010, mas, propositadamente, escolherei uma para mostrar como a arquitetura é uma prática cíclica. As referências ao passado são recorrentes, de modo que releituras de intenções estéticas são transformadas em novos conceitos e vontades projetuais. Para mostrar isso, escolhi exemplos de casas neomodernistas. 

Neomodernismo é um estilo arquitetônico que surge como reação à complexidade do pós-modernismo. Geralmente, esses arquitetos optam por projetos simples, sem adornos que, muitas vezes, lembram os edifícios modernos do começo do século. Assim como a arquitetura que era produzida na primeira metade do século, essa arquitetura rejeita a ornamentação e seu desenho enfatiza a funcionalidade, buscando frequentemente uma volumetria monolítica.

Abaixo, eu escolhi três casas bastante representativas de “neomodernos” brasileiros: Casa Sumaré do Isay Weinfeld; Casa 6 do Márcio Kogan e Casa BT do Guilherme Torres.

Na primeira casa, Weinfeld brinca ao colocar uma caixa de concreto pesada flutuando sobre dois pilares soltos na extremidade. Essa é uma habilidade bastante recorrente na arquitetura modernista. O uso do elemento vazado ou “cobogó” (elemento muito utilizado na arquitetura moderna) cria uma textura que contrasta com a aridez do concreto, formando um conjunto bastante acolhedor.

Casa Sumaré - Isay Weinfeld - 2007
Vista interna

Planta

No segundo exemplo, mais uma vez, o volume parece pousar sobre os pilotis. (Le Courbusier pira! rs). Um muro de pedra (referência da arquitetura moderna) atravessa a sala e esconde os pilares posteriores, trazendo uma evidente mensagem de que não existe o lado de dentro e o lado de fora da casa.

Casa 6, Márcio Kogan - 2010
Parte interna
Planta

No terceiro exemplo, de novo, um volume de concreto com um fechamento em madeira pousa sobre parede maciça de pedra. Um desenho simples, que investe na obra monolítica. Mas engana-se quem pensa que a falta de ornamento simplifica a execução da obra. Muito pelo contrário. Quanto mais simples for o desenho, mais os erros cometidos aparecem.

BT House, Guilherme Torres - 2013

Planta

Um abraço e até a próxima semana.

Nenhum comentário:

Postar um comentário