segunda-feira, 9 de setembro de 2013

MÚSICA E JUSTIÇA

*Professora de música e regente, formada pelo Instituto Tatuí

Neste momento em que o povo brasileiro tem se manifestado contra a situação de injustiça, corrupção e descaso por parte das autoridades para com as nossas necessidades básicas, lembramos que a música sempre caminhou de mãos dadas com as manifestações populares.

Talvez, o exemplo mais clássico que temos seja “La Marseillaise”.  De acordo com a Wikipédia, “La Marseillaise (A Marselhesa, em português) é o hino nacional da França. Foi composto pelo oficial Claude Joseph Rouget de Lisle em 1792, da divisão de Estrasburgo, como canção revolucionária. A canção adquiriu grande popularidade durante a Revolução Francesa, especialmente entre as unidades do exército de Marselha, ficando conhecida como A Marselhesa.

Seu título era originalmente Canto de Guerra para o Exército do Reino. O hino foi composto por Rouget de Lisle, oficial do exército francês e músico autodidata, a pedido do prefeito de Estrasburgo, Philippe-Frédéric de Dietrich, dias depois da declaração de guerra ao imperador da Áustria, em 25 de abril de 1792. O canto deveria ser um estímulo para encorajar os soldados no combate de fronteira, na região do rio Reno.

A canção obteve sucesso imediato e em pouco tempo, por intermédio de viajantes, chegou à Provença, no sudeste da França. Um mês depois, a canção chegava a Paris com os soldados federados marselheses, que a cantaram durante todo o percurso. Desde então, passou a ser associada à cidade de Marselha. No dia 4 de agosto, o jornal La Chronique de Paris evocou o canto dos marselheses, e seis dias depois ele seria entoado durante a famosa tomada do Palácio das Tulherias (…) Em 1795, foi instituída pela Convenção como hino nacional.

Napoleão Bonaparte baniu A Marselhesa durante o império, assim como Luís XV na segunda restauração, devido ao seu caráter revolucionário. A revolução de 1830 restabeleceu-lhe o status de hino nacional, sendo inclusive reorquestrada por Hector Berlioz na década de 1830. Entretanto, Napoleão tornaria a banir a canção até que, em 1879, com a instauração da República, a canção foi definitivamente confirmada como o hino nacional francês, ato esse reafirmado nas constituições de 1946 e 1958.”

Em nosso país, durante o regime militar, muitas canções nasceram em meio à situação política e social que o país vivia. Era um período de ditadura com a liberdade de expressão cerceada o que gerava os protestos da classe artística através das músicas e peças teatrais.

É nesse período que surgem canções que se eternizaram, como expressão da indignação de um povo reprimido e que lutava pelos seus direitos de viver como nação democrática e livre. Chico Buarque de Hollanda, Geraldo Vandré, entre outros, nos deixaram belas obras como expressão do sentimento do povo brasileiro.

A música também tem sua função social e política e precisamos resgatar essa poderosa ferramenta na busca da igualdade e da justiça. 

Roda Viva (Chico Buarque de Hollanda):


Construção (Chico Buarque de Hollanda):


Compartilho com vocês um compositor de música cristã contemporânea que aprecio, chamado João Alexandre Silveira e que tem sido uma voz que proclama justiça fora e dentro do âmbito da igreja.

Em nome da Justiça (João Alexandre):


Gladir Cabral é outro compositor de música cristã que tem sido uma voz clamando através de suas melodias e belíssima poesia contra a injustiça que o povo sofre.

Casa Grande (Gladir Cabral):


Anseio que todo esse momento de manifestações seja também colorido com belas canções que façam o povo cantar os seus anseios de um mundo justo. Que surjam mais e mais compositores que representem nossa luta, nossos anseios e nossos sonhos através de suas criações. 

2 comentários:

  1. Não vou mentir... Qdo penso em ditadura, a primeira música que vem a minha cabeça é "Pra Não Dizer que Não Falei das Flores"
    http://www.youtube.com/watch?v=PDWuwh6edkY

    Amo essa música!

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  2. realmente pensei nela também!
    Coisas maravilhosas e fortes foram feitas naquela época.

    Outra que me encanta com sua contestação "camuflada" é a "O Bêbado e a equilibrista"

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