sábado, 7 de setembro de 2013

INDEPENDÊNCIA OU MEIA-VIDA

*Jornalista e Turismólogo
Em sua obra “Rosto Precário“, o poeta português Eugénio de Andrade (1923-2005), afirma que a “independência tem um preço, sempre o soube, e nunca me recusei a pagá-lo”. Sabia, ele, também, que este custo é muito elevado, que inclui solidões e "nãos". Por isso, muitas pessoas preferem uma vida mais ou menos à independência. Este é um tema muito propício para este sábado, pois, hoje, o Brasil comemora seu afastamento do julgo de Portugal.

Sabemos que o Grito do Ipiranga foi, na verdade, um ato simbólico e importante que chancelou um processo iniciado meses antes. Em janeiro do mesmo 1822, por exemplo, o governo provisório brasileiro havia emitido decreto que determinava que as leis emanadas pela metrópole europeia só seriam cumpridas por aqui somente depois de elas serem autorizadas pelo príncipe regente Dom Pedro I.

O iminente imperador, na verdade, - tido pela corte portuguesa como um jovem inconsequente - emancipou mais a si mesmo com seu brado retumbante que o próprio País. Isso porque a Independência do Brasil é um processo que ainda não está acabado. Aliás, na história da formação dos estados nacionais, com o rompimento com o sistema feudal, o termo "independência" está mais ligado à autonomia política do que à autossuficiência.

Assim também é em nossas vidas. Sempre dependeremos das relações interpessoais, mas, se não declaramos nossa independência, seremos sempre reféns das decisões dos outros. O Brasil, assim como o poeta, não se tornaram uma ilha, mas sim emancipados para tomar suas próprias decisões, pagar pelos seus erros, sem ser sequestrados em sua dignidade.

Que tenhamos coragem de dar nosso grito para não desperdiçar o dom divino da existência em uma meia-vida.

Independência ou morte - Pedro Américo

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