quinta-feira, 26 de setembro de 2013

*Contadora de Histórias e Artista Plástica

Esta semana falaremos do artista plástico Henry Mascarós. Ele tem formação acadêmica na área do Direito, mas não exerce a profissão de advogado; o que tem paixão por realizar mesmo é seu trabalho com artes plásticas, o que o motivou a desenvolver uma formação livre como autodidata. Dedica a  sua vida ao ensino, produção e aprendizagem em arte, por meio de cursos e similares voltados, principalmente, na utilização de materiais e técnicas. Ele é desenhista, pintor e escultor. Henry gosta muito dos grandes mestres, como Picasso, Salvador Dali, Klimt, Van Gogh, Portinari, entre tantos, mas enfatiza um fotógrafo, longe da zona de conforto, Joel Peter Witk

Participou de muitas mostras,  algumas individuais e outras coletivas, mas só para citar algumas, esteve presente na mostra do Centenário de Araçatuba, Olhar Arte, Mapa Cultural e Culturaça.

Henry, hoje, exerce a função de Diretor de Cultura de Araçatuba, tomando praticamente todo o seu tempo; por isso, os projetos pessoais estão mais voltados para a gestão. Na produção artística, o que acontece quando não se cobra muito tempo é que ele rabisca muitos projetos que serão desenvolvidos em uma outra ocasião, como por exemplo: planeja ilustrar alguns textos que têm, e também está projetando um espaço para um atelier.

Para Henry, arte, fazendo uma analogia, é como quando um grão de areia que entra numa ostra e causa muito desconforto, então ela o encapsula e o trabalha até que ele se torne uma pérola. A arte é a perola. Em nossa vida, todas as nossas percepções do mundo, aquilo que nos atinge, seja de forma boa ou ruim, é processado, digerido e depois destinado. Em alguns casos, isso vira "assassinato em série", em outros vira tumor, e em alguns casos se transforma em Arte. 

Henry percebe que, "se formos avaliar o potencial que as Artes Plásticas têm no papel transformador, assim como outros segmentos artísticos, creio que somente uma pequena fração está sendo utilizada, ou subutilizada de maneira bacana. O restante, a maioria, é apenas oportunismo. As Artes Plásticas estão em um momento difícil, onde tem-se a impressão de que tudo já foi feito, mas, ao mesmo tempo, com o surgimento e avanço tecnológico, novas técnicas e possibilidades abrem caminho para novos horizontes". 

Segundo Henry, o Brasil é uma potência artística, temos uma arte espiritual presente, somos gigantes, porém desperdiçamos todo esse potencial por falta de estrutura, falta da devida valorização da Arte, do artista e do fomento artístico, desde o fazedor até o consumidor. No dia que a Arte for ensinada nas escolas, inserida na grade com mesmo valor que a alfabetização, no dia que ensinarem o nome e a história dos artistas juntamente com o dos heróis nacionais, aí sim estaremos no caminho certo.

Henry tem um misto de sentimentos quando pensa nas Artes em Araçatuba. Primeiro tem um profundo pesar, uma tristeza enorme em presenciar décadas de ostracismo artístico e cultural, onde apenas alguns grupos isolados produziam de forma quixotesca. Ao mesmo tempo, se sente feliz, a seu ver, com o fim desse período, iniciando, recentemente, uma etapa de resgate e reconstrução das artes. Pessoas novas estão surgindo, políticas de apoio voltaram a figurar no cenário das Artes, estruturas estão sendo criadas, é só um começo ainda há muito a se fazer, na opinião dele.

Para Henry, as pessoas precisam entender primeiro o valor da Arte, o valor transformador da Arte, humanizador... Somente a partir daí é que "podemos pleitear alguma atitude realmente séria e eficaz para mudança de cenário".  

Segundo Henry, sem Arte não seríamos humanos. Vê a Arte como o grande fator que nos tira da animalidade, nos humaniza. Quanto mais Arte, mais cultura, mais humanos ficamos.

Henry tentou por muito tempo buscar essa espinha dorsal, algo que fosse a linha condutora, muitas vezes se fixou em alguns dogmas para produzir seu trabalho, mas hoje vê essa ideia somente como uma fase de aprendizado. Buscou isso somente para perceber que não lhe serve. Se aparecer alguma regra, algo do tipo que seja forte o suficiente para que ele se atenha a ela, então o fará, senão continuará experimentando e criando com liberdade. 

Henry é artista, antes de qualquer outra coisa, nasceu artista, morrerá artista, não é um hobby, não é terapia ocupacional, não é atividade paralela. Em alguns momentos se sustentou satisfatoriamente com a Arte, em outros não conseguiu, depende do momento, do lugar, da ocasião... Ele é autodidata, está sempre aprendendo, pesquisando, estudando, fazendo Arte. Outras coisas vêm e vão, outras profissões surgiram no caminho, como a faculdade de Direito, por exemplo, mas isso sim é circunstancial, a Arte é permanente.

Quando possível, Henry usa todos instrumentos, sem restrições: tem blog, flickr, está preparando um site, usa facebook, enfim tudo que pode para divulgar seu trabalho. Considera extremamente importante a comunicação, mesmo que ela seja somente através das exposições, da obra em si, toda maneira de comunicação é vital; afinal, a obra nada mais é que uma das maneiras de o artista se comunicar com o mundo.

Para Henry, a obra “Criança Morta", de Portinari, é a melhor. Considera Portinari ainda melhor que Picasso; essa obra é muito comovente, sem falar na técnica; cada centímetro da tela parece esculpido com a força que emana dos personagens e uma tristeza pungente.

Algumas obras do artista:










Nenhum comentário:

Postar um comentário