sexta-feira, 13 de setembro de 2013

AS CASAS DA DÉCADA DE 1970

*Graduando em Arquitetura e Urbanismo pelo Mackenzie
A modernidade não foi capaz de resolver todas as questões dos aspectos individuais e sociais dos homens. Depois de duas guerras sangrentas, movimentos nazistas e fascistas, e uma atmosfera sob a tensão da Guerra-fria, o mundo pós-moderno se propôs a olhar para as dinâmicas sociais sob um novo viés. Novas agendas passaram a ser discutidas e, evidentemente, como ato político, a arquitetura passou a ser influenciada por uma infinidade de teorias.

Os antigos paradigmas deram lugar a novos paradigmas e, agora, a filosofia, as ciências sociais, a biologia, a psicologia e uma gama de disciplinas passaram a fazer parte da discussão sobre arquitetura. A fenomenologia de Heidegger e Bachelard, a psicanálise de Freud, a teoria linguística de Roland Barthes e Jaques Lacan, a semiótica de Charles Sanders Peirce e Ferdinand de Saussure, o pós-estruturalismo de Foucalut, o desconstrutivismo de Derrida, o marxismo da Walter Benjamin, a crítica social da Escola de Frankfurt e a dominação de Bourdier, foram alguns das importantes teorias que influenciaram a discussão da arquitetura a partir da década de 1960 e 70.

Essas teorias levantaram questões relacionadas à relevância da história, ao sentido, ao lugar,  às teorias urbanas,  às agendas éticas e politicas, entre outros. E essas questões guiaram a produção da arquitetura durante essa época. Logo, falar de casas da década de 1970 sem falar das discussões que aconteciam fora do campo da arquitetura, é relevar uma meia-verdade.

Muitas dessas casas são críticas materializadas. A discussão ultrapassa a questão técnica da construtibilidade e viabilidade do “abrigo” para alcançar a edificação de uma posição teórica. Se a arquitetura moderna expressava a verdade e o progresso alcançado pela sociedade industrial através da pré-fabricação, da simplificação formal, da higienização e a visão de tecnicista, a arquitetura pós-moderna coloca em discussão a dúvida, a construção manual e regional e a abstração formal, a referência ao passado, o problema social etc...

Para ilustrar, separei três casas que expressam bem as questões que povoavam a mente dos arquitetos da década de 1970. No primeiro exemplo, House III, Eisenman desenvolve a casa a partir do giro de 45 graus do volume quadrado, dentro de um volume com a mesma área. O resultado é uma impressionante combinação de pilares e vigas formando planos e ângulos em sentidos distintos. No segundo exemplo, Gilardi House, o mexicano Barragan abusa das cores em toda a casa e cria um clima bastante divertido. No último exemplo, Gehry House, Frank Gehry amontoa algumas chapas de aço, retorce alguns ferros, cria assimetrias e constrói uma das casas mais provocativas da década de 1970. 

House III – 1970, Peter Eisenman:




Gilardi House – 1976, Luis Barragan:




Gehry House – 1978, Frank Gehry:




Forte abraço e até a próxima semana.

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