segunda-feira, 9 de setembro de 2013

A literatura transforma uma cidade

*Jornalista  e escritor

Desde semana passada, Araçatuba está, pelo quinto ano consecutivo, envolvida na Jornada de Literatura, realizada pela Prefeitura Municipal de Araçatuba, por meio da Secretaria Municipal da Cultura; e a agenda se estende até sexta-feira (13), quando serão premiados os vencedores do Concurso de Contos “Cidade de Araçatuba”.

Uma jornada literária para quê? Para cumprir vários objetivos, entre os quais lembrar que o ser humano não precisa só de arroz e feijão para viver, que não somos uma máquina composta de carne e ossos somente, fadada ao trabalho e à relação material com este mundo. Antes, – e isso é o traço que nos distingue dos demais animais – a subjetividade é algo de que necessitamos, tanto que o que não foi dado pela natureza foi, é e sempre o seráproduto da nossa imaginação, da nossa criatividade. Da ficção, portanto.

Nos relacionamos com o subjetivo tanto quanto nos relacionamos com o real, com a materialidade. Assim como nossa carne tem fome e sede ao longo do dia, também nossa alma e espírito clamam por subjetividade. É tão prazeroso ver uma casa organizada, um edifício acabado quanto resolver uma equação matemática ou ler um poema do Leminsky ou do Drummond.

Agora, um dos problemas é que vivemos numa sociedade materialista que valoriza, em demasia, “coisas” e falar de algo subjetivo como literatura ou poesia é estar na contramão do pensamento vigente.

O tema da Jornada deste ano é “a literatura transforma as pessoas”. E isso é verdade. Só quem tem acesso a bons livros e seus escritores e poetas pode dar testemunho disso. Não canso de dizer por onde quer que eu passe, ao falar de literatura e poesia, que eu fui salvo por elas. A ficção sempre foi o alimento que nutriu meus sonhos e minhas intenções diante da vida. Da vida seca que eu e minha família tivemos, histórias de Graciliano Ramos, Euclides da Cunha, Rachel de Queiroz, Jorge Amado, Guimarães Rosa, José Lins do Rego, Ariano Suassuna, Clarice Lispector, Patativa do Assaré, Catulo da Paixão Cearense e tantos outros sensíveis escritores e poetas servem como um espelho a mostrar nossas qualidades e defeitos, nossas limitações, provocando-nos ir adiante.

Já o fiz particularmente, mas deixo registradoaqui meus parabéns ao prefeito Cido Sério e ao secretário de Cultura, Hélio Consolaro, por tão importante e significativo projeto. Que ele cresça e seja sedimentado em nossa cidade. Não temos dúvidas de que o saldo será o crescimento intelectual e cultural de nossa gente.

Rendo, também, minha homenagem a todos os agentes que lidam com o livro e que estimulam a leitura em nossa cidade, a saber: professores, bibliotecários, líderes comunitários, livreiros, escritores, poetas... Como diz Castro Alves, benditos são.

Que todos aproveitemos mais esta semana da Jornada de Literatura, participando das palestras, saraus, lançamentos de livros, peças teatrais etc...

Ah, e espero por vocês no Museu Araçatubense de Artes Plásticas – MAAP (atrás da Tanger), quinta-feira (12) a partir das 17h, para uma tarde de autógrafos do meu livro “Mosca Feliz” (R$ 20,00 o exemplar).

Forte abraço até lá!

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