quarta-feira, 28 de agosto de 2013

CISNE NEGRO

*Professora universitária e mestre em Mídias Digitais
Na última semana do mês de agosto e da série "Um pouco mais de..." vamos homenagear todos os profissionais da Psicologia. E para representá-los, dedico o tema de hoje ao Psicólogo Leonardo (Léo), meu genro querido. Em minha opinião, o relacionamento com um(a) psicólogo(a) é importantíssimo para nos ajudar a materializar nossos sentimentos que, às vezes, não conseguimos sozinhos. Longe de definir aqui esse profissional maravilhoso, vou tentar mostrar como algumas ferramentas nos ajudam a fazer uma reflexão e a nos conhecer um pouco mais. Eu tenho certeza de que você é melhor e mais bonito do que imagina, apenas ainda não se conhece por inteiro.

Então vamos lá, conhecer um pouquinho mais de como os filmes, podem nos ajudar e em especial o CISNE NEGRO.


Os filmes são uma forma de contar história e Cisne Negro não foge à regra. Foi um presente de Darren Aronofsky, que dirigiu o suspense psicológico e obteve as melhores críticas, além dos prêmios de Melhor Atriz e Diretor.

No filme Natalie Portman é Nina, moça dedicada que leva a profissão de bailarina de forma bastante séria, disposta a dar tudo de si e se vê imersa numa roda de intrigas quando é cogitada para interpretar um papel duplo no clássico russo de Tchaikovsky, O lago dos Cisnes. Seu professor e mentor, Thomas Leroy (Vicente Cassel, que arrasou na performance), exige que ela interprete os dois papéis principais. Nina, fica obcecada, tenta provar a todos, e ao seu mestre, sua capacidade e inicia uma jornada dura consigo mesma. 

Busca dentro de si o que precisa para interpretar os dois papéis distintos: o sensual e tórrido, o branco e o negro. 

O desejo de não decepcionar é tanto que Nina não percebe a incompatibilidade que surge com a chegada de Lily, que se torna sua rival. Nina também não reconhece e não consegue perceber que enfrenta outro problema: ela busca superar-se no relacionamento com a mãe Erica (interpretada brilhantemente por Barbara Herhey), que ainda a trata como uma criança, sufocando-a com a falta de privacidade no dia a dia.

Erica representa o lado adulto da situação e isso fica claro no roteiro, onde Nina abusa do preto em seu figurino e no seu quarto. É a sua maneira de contrariar a mãe, por ser sufocada por ela e não consegue desenvolver uma vida adulta.

Dessa forma, Nina se consome diariamente e tenta manter isso em seu interior para que ninguém perceba. As marcas começam a aparecer em seu corpo, e isso assusta sua mãe, que percebe que tudo surgiu após Nina aceitar o papel duplo e tentar se superar.  Além de sua mãe e Lily, Nina também encontra uma ameaça quando observa o futuro, no exemplo de uma brilhante bailarina (Beth) que, forçadamente, foi afastada para dar lugar às novas bailarinas; isso a leva a ver a situação como um espelho do futuro, do mundo de cobiça que existe entre as bailarinas que estão dispostas a se autodestruir para atingir o topo da carreira.

E, nesse contexto, Nina busca dentro de si a base para os dois papéis: o cisne branco e o negro. Ela tenta encontrar dentro de si seu lado inocente, puro e gracioso do cisne branco e, ao mesmo tempo, o seu lado sensual, infiel, sórdido que a prende, no cisne negro. Nessa busca pela liberdade, a redenção é alcançada ao final do filme. Natalie Portman mostra que é uma das melhores atrizes de sua geração e se entrega nessa interpretação magnífica. E um fato curioso, e que com certeza a ajudou muito neste papel tão complexo, foi ter cursado Psicologia em Harvad.


O filme fisga e leva o espectador a mergulhar no interno de cada personagem, numa história sobre a profissional que se sacrifica em excesso e a obsessão pela perfeição que beira o exagero, mostra-se apenas como a ponta do iceberg de um filme que tem muito a oferecer. É um suspense psicológico luxuoso, nada de assassinos ou casas mal assombradas, busca o realismo em todos seus aspectos, seja nas imagens ou no som das batidas das asas do cisne. 

O espectador não fica ileso, é uma viagem intensa pelo lado sombrio do nosso interior e permite um exercício de busca de conflitos e de como podemos iniciar um processo de libertação. O filme não se enquadra para qualquer público, mas quem o assistir e se permitir ser tocado pela história, eu garanto, vai gostar. Vai lá, vasculha ai dentro e encontre seu Cisne Branco e o Cisne Negro e claro, alimente o que vai te ajudar a ser uma pessoa melhor, a fazer o bem sempre! 

Bem, por enquanto é isso, parabéns aos Psicólogos e até a próxima semana...

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