sábado, 13 de julho de 2013

O QUE É CULTURA?

*Jornalista e Turismólogo
Em “A Hora da Estrela”, Clarice Lispector criou uma cena memorável, que no cinema ficou antológica por meio do filme de Suzana Amaral (1985). Em uma passagem da película, a personagem Macabéa, vivida fantasticamente pela atriz Marcélia Cartaxo, pergunta que é cultura. Desconcertado, Olímpico de Jesus, interpretado por José Dumont, responde: “Ora, cultura é cultura”.

Esta cena me vem à mente todas as vezes em que me deparo com a necessidade de debater o tema. E como pai, sempre sou bombardeado pela mesma pergunta, mas não tenho a licença de dar a mesma resposta do Olímpico.  Fora todas as explicações óbvias, faço questão sempre de deixar claro ao meu menino, que tem apenas oito anos, que cultura é uma coisa que precisa ser valorizada.

O filme de Suzana Amaral
Minha preocupação é que no mundo midiático no qual vivemos, as nossas manifestações sejam encaradas pelas novas gerações apenas como mais uma coisa efêmera. A exemplo de como as modas e os pensamentos hoje entram e saem de cena, como memes da internet, temo que todos comecem a achar que nosso modo de interpretar o mundo também seja só mais uma coisa descartável.

Não que eu faça número na fileira dos que têm medo das mudanças, mas é que elas têm acontecido de uma forma tão desordenada que os meninos e meninas correm o risco de perder a noção da identidade que nos une. Não aprendam que cultura é a nossa forma de interagir com o mundo, externo e interno. E, ao perder as referências, vivamos em um mundo raso, tosco e sem significados e significantes.

Temo que meu filho ache, por exemplo, que nosso falar e modo de cantar sejam apenas uma coisa opcional. Que nosso modo de pensar seja algo como febre, que dá e passa. Não quero estar em um mundo sem lemes, à deriva em um mar de coisas sem sentido. Cultura é, ao mesmo tempo, nossa âncora e nossa vela! É essencial por ser essência.

Livro que motivou o filme

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