quinta-feira, 25 de julho de 2013

JUÇARA FRANÇA

*Artista plástica e contadora de histórias
Juçara França
Olá pessoal, alegria em estar aqui com vocês novamente. Dando continuidade à série que estamos vendo de artistas araçatubenses, gostaria de apresentar a vocês esta que é das mais atuantes em nosso município: Juçara França.

Juçara é formada em Música pela UNAERP/Ribeirão Preto e em Artes Plásticas pela Fundação Educacional de Penápolis. Fez cursos livres, entre os quais com Sérgio Fingermann, artista e crítico de arte reconhecido nacionalmente. Participou de várias exposições, entre elas Panorâmica Arte no Interior – SESC Rio Preto 1999; XXVI e XXVII Salão de Arte Contemporânea – Santo André 1998 e 1999; Exposição de Arte Contemporânea – Araçatuba 2002 e Coletiva Sudameris 2004.

Como artista que é, tem vários projetos em mente, mas um que já pode compartilhar conosco é o de uma exposição de suas obras em seu próprio ateliê, dirigida pessoas de Araçatuba e região, no segundo semestre de 2013.

Para Juçara, “a arte é um pacto com a ilusão. Uma imagem sugere realidades em nosso espírito; o artista dialoga com aquilo que tem de sensível e de sua intelectualidade; o espectador se apoia no que tem de mais ou menos trabalhado em seu espírito”, pondera a artista.

Juçara acredita que o mundo está descobrindo que a humanidade pode ser salva pela arte porque ela nos sensibiliza, age em nosso espírito, nos faz meditar. Em muitos países as pessoas perceberam que não precisam ter dinheiro ou ser intelectuais para exercitar a sensibilidade. A busca pode ser mais simples. Um passeio pelo parque, ouvir música e ler textos são usados para agir no espírito.

Para Juçara, “encher-se de imagens, de imaginação e de sensibilidade é um caminho para compreender arte”. É claro que quem possui conhecimentos terá em seu interior uma maior associação de ideias e sentimentos e perceberá melhor as provocações dos artistas e do mundo.

Juçara vê muito pouco esforço no Brasil para fazer com que a arte atue na sensibilidade das pessoas. “Estamos tendo grandes exposições, alguns musicais e movimentos intelectuais, mas o impacto ainda é pequeno”, sugere a artista.

Os órgãos competentes, na visão da artista, precisam oferecer condições para que as pessoas se sensibilizem. Este deve ser o caminho. Andar em um lugar limpo e seguro e, de repente, ouvir uma música ou ler uma mensagem inteligente, para se sensibilizar. Um toque de luz ou um encontro com a sombra, e até mesmo as trevas nos ajudam criar.     Até um ato de patriotismo, como cantar o hino nacional, pode tocar nas emoções. Arrepiar-se com o que é visto e ouvido. O Brasil precisa crer que a arte existe e independe de partidos e de atos ou acordos políticos.

Juçara vê a arte em Araçatuba muito atrelada à política, atendendo a vaidades. As oportunidades oferecidas são ocasionais, e nem sempre criteriosas. Para ela, “há uma tendência de agradar ou obter algo em troca. Há um espírito de revanche”.

“O artista precisa trabalhar, e muito. Ter a experiência de criar. O artista não tem que procurar nenhum grupo em particular. Precisa se concentrar e se esforçar para conseguir uma obra verdadeira e profunda”.

Acredita que cargos devem ser oferecidos a pessoas que tenham conhecimento sobre o que vão exercer. Políticos precisam fazer um esforço para saber Português, Geografia e História, além de ética, política e, principalmente, ouvir os anseios do povo. A população precisa ser estimulada na meditação e na imaginação.

Para Juçara, nosso mundo está cheio de técnicas e estamos preocupados, excessivamente, com o nosso conforto material. Procuramos coisas artificiais e quase sempre falsas. Nos esquecemos dos nossos instintos e nos tornamos escravos de coisas inúteis para nossa alma. “A arte pode nos colocar num estado de percepção do que realmente somos. Um estado emocional que nos tira da alienação”, sentencia.

Juçara trabalha com o pensamento contemporâneo. Educou o seu olhar para feitura de imagens que sugerem verdades. Tem uma linha, uma pista. Segue pegadas.  Trabalha o pictórico e cria imagens que se fazem e se desfazem no olhar.  Não se prende a técnicas. Pelo contrário, quer esquecê-las. Está sempre buscando, questionando e errando. Sua obra se dá no erro, na busca.

Acredita que a criatividade se dá por meio do desconhecimento, na ausência do desejo. Enriquece-se com as obras de outros artistas de agora e do passado, usando a cor e o desfazer dela, para criar uma imagem que se desfaz no olhar. Usa perspectiva que apenas sugere.

Juçara não vive de arte.  Não conseguiria viver do seu trabalho. A venda acontece como um reconhecimento para ela. Acredita que isso pode impedir alguém ser artista. Ser artista e se preocupar com vendas nos faz desviar. Sair da trilha. Isso é ruim. As obras apoiam-se umas às outras. Um trabalho paralelo deve ser pensado em casos de necessidade. Melhor seria um trabalho que se possa exercitar a criatividade e a sensibilidade. Para isso, segundo ela, a leitura e os filmes a ajudaram bastante.

Acha importante dialogar com o público, e não entende porque isso é difícil para alguns artistas. E confidencia que gostaria de receber mais pessoas em seu estúdio. Pessoas que apenas passassem por lá e olhassem as obras.

Por sentir falta de segurança, não deixa portas abertas e nem sempre pessoas usam a campainha para saber se está trabalhando. “O público deve saber que olhar uma obra de arte exige um ato solene, um respeito pelo que se está vendo”, orienta. Neste aspecto, fazer uma exposição em uma entidade séria, reconhecida, é o desejo de todo artista. Que se criem entidades culturais que sensibilizem as pessoas e despertem em todos um sentimento maior.


Na época de faculdade, teve um olhar na pintura de Giotto, que a emocionou profundamente. Afrescos com naturalismo e profundidade. Na obra "Lamentação", os anjos flutuam e mostram uma dor realmente humana. Hoje, reconhece o quanto ele era moderno. Ainda estudante, também se emocionou com o azul e as formas alongadas de El Greco; Cézanne, pela ausência dos contornos e pela composição; pelos azuis e verdes sombreados, pelos ocres e laranjas e pela sensação de profundidade de Matisse, que não cansa de ver, os azuis e vermelhos com pretos ou brancos das tapeçarias nas telas; Paul Klee, o uso da linha; Richard Diebenkorn, que a inspira pelo desequilíbrio da perspectiva; Anselm Kiefer, pela desordem humana, entre tantos outros nomes em sua mente… Mas vai ficar com estes nesta conversa.

ALGUMAS OBRAS DA ARTISTA:






Espero que tenham gostado. Um abraço e até a próxima semana!



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