domingo, 28 de julho de 2013

DE BAURU PARA O MUNDO

*Professor universitário e mestre em Turismo e Hotelaria
Esta semana teremos festa! No primeiro dia do mês de agosto comemoramos o aniversário da cidade de Bauru e o seu famoso sanduíche: quele que propagou o nome da cidade para o mundo. E isto não é mero esnobismo, não; é fruto de uma história e adaptações que percorreram o território nacional, alcançando até mesmo outros países.
Para contextualizar a história do sanduíche, primeiramente devemos conhecer o seu criador: o Sr. Casimiro Pinto Neto (1914-1983). Nasceu em Bauru e mudou-se para São Paulo, logo ganhou de seus amigos o apelido de “Bauru”. Em 1931 ingressou na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, participou da Revolução Constitucionalista de 1932, trabalhou como repórter da Rádio e TV Record ,concomitante com a titularidade de um Cartório herdado de seus pais. Casou-se e teve duas filhas.

Ponto Chic: reduto da boemia paulistana.
Era frequentador assíduo do “Ponto Chic” reduto da boemia paulistana, no Largo Paiçandu, juntamente com seus colegas de faculdade e outros intelectuais da época. Neste ambiente descontraído, numa noite em 1934, surge a genial ideia: procurou o cozinheiro do restaurante e "ditou" a receita do sanduíche: pão francês sem miolo, uma porção de queijo derretido em água, fatias de roastbeef, rodelas de tomate e pepino em conserva (picles). Quando estava comendo o seu lanche, "Quico" (Antônio Boccini Jr.), um amigo muito guloso, pegou de sua mão um pedaço do sanduíche e gostou muito. Aí, pediu ao garçom: "Me vê um desse igual do 'Bauru'". Na mesma noite, outros clientes pediram o novo sanduíche. Nascia, então, um dos mais famosos lanches do Brasil, hoje, conhecido até em outros países.


Olha ele aí! O apetitoso sanduíche bauru, o tradicional - como preferimos denominá-lo, pois ao chamar de “original” ou “verdadeiro” estaríamos preterindo as demais adaptações, apesar de terem sido importantes para a divulgação do nome do sanduíche, e do município, claro. A mais comum adaptação é a com presunto, queijo e tomate. Aliás, tudo o que leva estes três ingredientes (torta, pastel, pizza, rissoles etc.) é chamado de sabor bauru.

Diz a lenda que a receita inclui os elementos básicos de um lanche equilibrado em albumina, proteína e vitamina, conforme Casimiro havia lido em um livreto de alimentação para crianças, da Secretaria de Educação e Saúde do estado de São Paulo. Outras questões são quanto ao pepino em conserva e os tipos de queijos derretidos. Não se sabe ao certo se o pepino foi incluído no ato da criação do sanduíche ou posteriormente (na década de 1950). No Ponto Chic você consome o sanduíche com uma mistura de queijos fundidos, em outros estabelecimentos apenas o queijo muçarela, por ser um queijo muito utilizado naquela época.

É bem verdade que o sanduíche foi criado na cidade de São Paulo por um bauruense, no entanto, em Bauru, o sanduíche foi divulgado por José Francisco Júnior, "Zé do Skinão", que conheceu Casimiro em meados 1957. Transformou sua lanchonete (O Bar do Skinão) no principal ponto bauruense de divulgação do sanduíche. Algumas ações de preservação deste patrimônio foram realizadas na cidade. Na minha gestão, enquanto presidente do Conselho Municipal de Bauru – COMTUR, foi criado em 2006 o programa de certificação do Tradicional Sanduíche Bauru, que confere ao estabelecimento que produz o bauru de forma tradicional, um selo qualificador. Do ponto de vista turístico, não que o lanche por si só seja responsável pelo deslocamento voluntário de pessoas à cidade de Bauru, mas que costumeiramente é servido aos visitantes e turistas em sua versão histórica.



Outra importante ação municipal é a Festa do Sanduíche Bauru que, a cada ano, supera a marca de vendas do lanche, cuja arrecadação é revertida às entidades assistenciais da cidade. A festa ocorre no Parque Vitória Régia como parte da programação das comemorações do aniversário da cidade. O sanduíche também representa a região no Festival Gastronômico Sabor de São Paulo, promovido pela Secretaria de Turismo do estado.

Sempre quando viajo, dou uma espiadinha nos cardápios das lanchonetes para saber como é preparado o bauru do local. Já vi cada versão estranha... A mais inusitada foi uma do room service de um hotel no Rio de Janeiro, que leva filé mignon, queijo, presunto e ovo frito.

Você conhece alguma outra? Registre aqui nos comentários do Blog as versões que você já comeu ou encontrou por aí.

Por hoje é só pessoal. Caso queiram apreciar o tradicional sanduíche bauru, estão convidados para a festa! Até mais...

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