quarta-feira, 5 de junho de 2013

O LIVRO QUE FOI PARAR NA TELONA I

*Professora universitária e mestre em Mídias Digitais
É muito comum ouvirmos a frase “o livro é bem melhor que o filme”; cuidado, nem sempre é assim. O que acontece na realidade é que, nas adaptações, os roteiristas fazem algumas modificações da história original, seja para dar um tom de atualidade ou atender interesses comerciais, mas isso não tira o mérito da transformação do livro em filme.

Em 2007, o livro Caçador de Pipas, considerado um grande sucesso da literatura nos últimos tempos, foi adaptado para o cinema e foi dirigido por Marc Forster. O filme conta a história de Amir e Hassan, dois garotos que vivem no Afeganistão em 1970 e pertencem a realidades sociais diferentes. Amir (família rica) comete uma traição com Hassan e isso marca a vida dos dois. Após 20 anos, Amir volta e tem que superar o passado.



O filme concorreu a prêmios e agradou ao público. É de um apelo político e coloca nossa cabeça pra pensar. Uma história forte e necessária. Vale conferir, mas preparem os lenços.

O best seller americano Comer, rezar, amar (2010), escrito por Elizabeth Gilbert, conta a aventura vivida durante sua viagem por três países: Itália, Índia e Indonésia. A história relata a busca de Liz pelo autoconhecimento, após ter passado por uma crise existencial, um divórcio dolorido e uma paixão mal resolvida.  A adequação do livro para filme, assim como algumas adaptações, teve problemas; e o maior deles foi com a critica italiana, que pegou pesado.



A história ocorre parte do tempo na Itália, mas os italianos não gostaram da forma caricata como foram apresentados. No filme, os roteiristas transformaram Luca Spaghetti, guia e amigo da protagonista Liz e torcedor do Lazio (na vida real), em torcedor do Roma.

A mudança não agradou aos italianos do Lazio, que criaram um movimento nas redes sociais para que as pessoas boicotassem o filme e lessem o livro. A presença de um brasileiro na trama, com quem Liz teve um romance, ficou por conta de Javier Bardem interpretar, que pediu conselho a um amigo brasileiro para evitar o sotaque italiano e aproximar-se dos gestos brasileiros. As locações do filme, em muitos locais, corresponderam aos cenários descritos no livro e a presença da autora do livro, Elizabeth Gilbert, nas filmagens garantiu que os detalhes não ficassem sem sua aprovação. No geral, o filme foi aprovado.

Pensa num filme que provoca lágrimas e risos.... Nesta história o destaque vai para á máxima de que “se quer ter um amigo, compre um cachorro”. O longa tem grande apelo e muito pelo, mas brincadeiras à parte, o filme é bacana e muito comovente. Assim é  Marley e Eu (2008), mais uma das histórias que saiu dos livros e conquistou o público do cinema. Marley é um cachorro labrador que, adotado ainda pequeno com 5kg,  logo chegou aos 45kg. John (Owen Wilson) e Jennifer (Jennifer Aniston) formam o casal que compõe a família do cachorro. O personagem de Marley foi interpretado por 22 cachorros diferentes durante os 14 anos de vida do cão, a metade eram filhotes. O autor do livro fez uma ponta (pequena participação) no longa como dono de um coocker spainel, durante uma cena de treinamento de cães. O livro não retrata tanto os detalhes que dão o ar do riso, por esse motivo o filme caiu no gosto do público ao criar um espaço para a comédia na história. Pra quem gosta de filme com nossos amorosos cachorrinhos, não deve perder.



O amor pode ser inconstante, indefinido e diferente para homem e mulher, essa é a temática que vemos no filme 500 Days of Summer. Produção fantástica, em minha opinião! Arrebentou na trilha sonora com a história do romântico Tom e da realista Summer.  O narrador já de cara conta que não se trata de uma história de amor romântica. E não mesmo, mas a vida é assim, nem sempre é recheada de romance, não é? 

O filme não acontece de forma linear; a história é contada com flashes, em ordem não cronológica, do inicio ao fim do romance do casal, passando pelo auge do relacionamento e "o depois' - o que a maioria das histórias não mostram, “o depois”. O ápice do filme acontece quando ele supera a dor e o sofrimento e segue em frente.



Apesar de ser classificado como história de amor para mulheres, o filme, que não é idealista, foge do rótulo de “no final eles se encontram e são felizes para sempre”. É um filme diferente. Neste caso, é o cara que se ilude com o romance e é a mocinha que não acredita no amor. O filme trata do amor como algo mais próximo da vida real. Eu o classifico como inteligente!

O universo do livro produz muita história boa. Como o assunto é gostoso e os filmes merecem destaque, na próxima semana vamos continuar falando sobre esse diálogo entre literatura e cinema. Mas já dá pra sentir o gostinho e, de repente, fazer a dobradinha: ler um livro que foi parar na telona e assistir a um filme e correr atrás do livro que o motivou. Lembrando sempre: cinema e literatura são artes diferentes. Portanto, nada de comparações. É deixar-se seduzir por cada uma das linguagens.

Um beijão e até a próxima semana.

O que tá rolando:
Meu Pé de Laranja Lima (2013) – Filme nacional, está em sua segunda adaptação do livro  para o cinema, e conta a história de um garoto de 8 anos, com bom coração. Assim é Zezé, que leva uma vida modesta com o pai desempregado. Zezé tem o hábito de conversar com  um pé de laranja lima, no fundo do seu quintal, até que conhece Portuga, um senhor que passa a ajudá-lo. O livro foi publicado em 1968.

O que já rolou:
O Nome da Rosa (1986) baseado na obra literária homônima de Umberto Eco, a trama ocorre em 1327. Sean Connery interpreta um monge franciscano. Ele e um noviço chegam a um distante mosteiro na Itália. Juntos, enfrentam uma batalha para descobrir o motivo da morte de vários religiosos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário