quinta-feira, 16 de maio de 2013

WILMA GOTTARDI



A artista em sua residência

Olá, pessoal, tudo bem? Bom, conforme anunciado aqui no blog na semana passada, começamos a partir de hoje uma série de entrevistas com artistas plásticos de Araçatuba, com o intuito de mostrar um pouco da arte de nossa gente, do que pensam e o modo como se relacionam com o seu ofício. Começo com esta que é uma grande artista em nossa cidade e que, particularmente, nutro grande admiração por ela: Wilma Gottardi.

Wilma Gottardi é formada em biologia pelo Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas IBILCE/UNESP de São José do Rio Preto. Sempre se interessou por arte. Empresária, montou e manteve o antiquário Art Nouveau por muitos anos em Araçatuba. Mas foi depois de aposentada que começou a se dedicar exclusivamente às artes plásticas. Fez vários cursos de história da arte com diferentes professores e cursos de técnicas e suportes variados em diversos ateliês, entre os quais com Gilson Pedro (Masp), Arnaldo Aparecido Filho, Márcia Porto (Fare Arte), Cacilda da Costa e Silva, Suely Dabus, Célia Molina, entre outros.

É admiradora de diferentes artistas plásticos, cada qual com sua forma de a cativar, seja a partir da cor, forma, expressividade, tema etc... Entre eles cita: Matisse por conta do uso da cor; Picasso, pelo inventividade e inovação na forma; Pau Klee, pelo trabalho com o abstracionismo; Salvador Dalí e sua visão de “loucura” do mundo; Andy Warhol com o seu diálogo contemporâneo da sociedade; Frida Kahlo e toda sua ousadia e criatividade; Van Gogh e a expressividade em seus trabalhos. Dos artistas brasileiros faz menção a Almeida Junior e todo seu registro de crônica visual de um Brasil colonial e do povo simples nas telas; Lasar Segall e todo seu vigor e crítica social, Portinari e a grande ruptura da arte moderna brasileira; Tarsila do Amaral e Djanira, mulheres fortes e de uma inteligência incrível; Hélio Oiticica, Debret e outros...

Participou de diferentes mostras individuais e coletivas, entre elas: Exposição de Arte e Mobiliário (Araçatuba Clube, 1987); Sarau com o músico José Calixto Marques de Oliveira (1988); Exposição de Arte de pintores brasileiros e europeus (1988); Mostra Coletiva de Arte (Araçatuba Shopping, 1996); Mulhearte – Farearte (1997); Mostra do Dia Internacional da Mulher (Banco Banespa, 1999); História das Artes Plásticas no século XXI (Banco do Brasil, 2001); Araçatuba com Arte (2003).

Dedica-se, na atualidade, ao uso de pigmentos com aglutinantes na confecção de tintas aquarela, juntamente com Norma Fonseca. E como expressão dessa pesquisa, estão em curso uma série de trabalho feito com base na técnica mencionada.

Sobre arte, entende que “é a percepção aprimorada do mundo, e é vital para a cultura da sociedade com um todo”. O mundo todo, no entender da artista, aprecia, pratica, resgata e projeta arte com o propósito de entender a espécie humana e como uma forma de nutrição mística. Diz que em Araçatuba praticamos um microcosmo do que acontece no Brasil, com movimentos esparsos e isolados de muito boa qualidade. Na região, menciona Penápolis como sendo a cidade que sempre se sobressaiu nas artes plásticas, sobretudo na arte Naif e seu Museu do Sol. 

“Uma educação pela arte é, sem dúvida, o melhor caminho para fazer com que a arte seja algo mais presente em nossa vida”, argumenta Wilma Gottardi. Portanto, a escola está intimamente ligada a esse objetivo, no entender da artista. E esse movimento começou desde o momento em que o ensino obrigatório de arte foi retomado. “Agora, é lógico, precisa ser aprimorado, melhorado dia a dia”, sentencia.

Ela compara um mundo sem arte com uma pessoa que não tem seus sentidos: não vê, não ouve, não senti, não fala... “Coitado do mundo, coitados de nós sem arte!”. Para ela, o que há de principal em seu trabalho é a cor. A forma que ele adquire, o suporte e técnica que usa são todos em favor da cor. Argumenta que o Brasil é colorido, o homem é um dos poucos bichos que tem o privilégio de enxergar colorido e da forma como enxergamos. “Amo a cor por isso, tenho o privilégio de ver e o Brasil é colorido em tudo, não é mesmo?”, finaliza.

Sobre o ofício de ser artista, confidencia: “O trabalho deve ser duro, quase que obsessivo, constante. Mas a busca pela felicidade é o principal. É muito complexo o trabalho do artista. O processo todo envolve tantos itens que uma vez experimentados devem gerar um produto que emocione, para o bem ou para o mal. A impressão que se tem é que precisamos reiniciar eternamente todo processo. É nesse jogo que tomamos consciência de que não podemos viver sem arte”.

Algumas obras da artista:

Natureza morta - uma das primeiras telas pintadas pela artista

Aquarela com pássaros - a biológa e a artistas juntas
Estes trabalhos são os mais recentes, resultados da
pequisa que a artita vem realizando na confecção de aquarela.

Um comentário:

  1. Muito boa entrevista, Wilma,parabéns.Sintetisou bem ao dizer que "a arte é vital para a cultura da sociedade como um todo".

    ResponderExcluir