segunda-feira, 20 de maio de 2013

MÚSICA E SAÚDE

* Formada em canto lírico pelo Conservatório de Tatuí, pianista, regente e educadora musical.


A música e sua ação no cérebro
Há muito tempo sabemos que dos efeitos benéficos da música sobre os seres humanos, e até mesmo sobre os animais. A ideia de que a música afeta a saúde e o bem-estar das pessoas já era algo argumentado na Grécia antiga. Aristóteles acreditava que a música descrevia as emoções humanas. Hipócrates e Platão defendiam o uso da música no tratamento das “perturbações do espírito”.

Outro conhecido filósofo, matemático e músico, era Pitágoras – que inclusive foi o decodificador da linguagem musical ea sua forma matemática, como conhecemos hoje. Pitágoras dava à sua música, usada de forma terapêutica, o nome de “purificação”. Em suas experiências musicais, propunha-se a usar a música de forma curativa, equilibrando as quatro funções básicas dos homens: pensar, perceber, intuir e sentir.

Os benefícios da música em nossa vida são inúmeros. Ela provoca várias reações no organismo: arrepio, riso, lágrimas..., diminuindo, por meio desses sentidos, os níveis de ansiedade. É também aliada na diminuição da pressão arterial e frequência cardíaca, podendo, ainda, provocar modificações nos níveis de cortisol (responsável pela excitação e pelo estresse), da testosterona (responsável pela agressividade e pela excitação), da oxitoicina (responsável pelo carinho), da adrenalina no sangue, das endorfinas e também da serotonina (neurotransmissor que faz a comunicação entre os neurônios).  Outro benefício da música sobre nós é seu “efeito ansiolítico”. Isso acontece quando a utilizamos como “música de fundo”, enquanto fazemos nossas atividades diárias: trabalhar, dirigir, estudar, cozinhar, enquanto fazemos exercícios físicos, namoramos etc... 

Na verdade, todos os benefícios causados pela música ocorrem por conta dos estímulos internos e externos que ela provoca. Internamente, ela age diretamente nas sensações e reações físicas. Externamente: auxilia na comunicação entre as pessoas, nas relações sociais, aumentando a autoestima. Há muitos casos de pessoas tímidas e com sérios problemas para socialização que conseguiram avanços por meio da prática coral, por exemplo.  “Quem ouve música sente sua solidão imediatamente povoada”, afirmava Robert Browning.

A história conta que, no final da Segunda Guerra Mundial, músicos foram convocados para tocar em hospitais como auxílio no tratamento aos feridos. Sabemos que tal experiência surtiu efeito, pois a partir de dados positivos obtidos em tidas experiências, resultaram na inclusão da música para tratamento terapêutico a doentes. Nasce nesse momento a Musicoterapia, “uma modalidade de trabalho que se utiliza da música e de elementos constituintes da música numa relação terapêutica para ajudar a pessoa a atender as suas necessidades. Destina-se a pessoas que têm alguma deficiência, algum distúrbio psíquico como a depressão, autismo, esquizofrenia, assim como a atendimentos geriátricos ou a pessoas que buscam autodesenvolvimento”.

A "Patrulha da Alegria" - música nos hospitais
Um estudo realizado em Nova York pelo Centro Médico de Beth Israel descobriu que bebês prematuros reagiam positivamente quando estimulados por canções cantadas pelos seus pais. Tanto a música ao vivo, quanto a tocada ou cantada, ajudou a abrandar os batimentos cardíacos dos bebês e acalmar a respiração. Melhorou os estímulos da sucção para a alimentação, os fez dormir mais e mais calmos.  Quando o estresse é reduzido, os sinais vitais se estabilizam permitindo que os bebês concentrem energia em seu desenvolvimento.

Há uma frase de que gosto muito: “A música me transporta para um mundo no qual a dor não cessa de existir, mas se solta e tranquiliza-se” (Marguerite Yourcenar). Acredito ser essa a chave da cura a partir da música; ela renova as forças, mostra outro caminho, nutre de esperança e energia a mente e o corpo enquanto somos renovados. 

A música contribui para o bem estar geral do organismo e para a saúde plena do indivíduo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) formulou, em 1946, a seguinte definição de saúde: “A Saúde é um estado de total bem estar físico, psíquico e social e não apenas a ausência de doenças ou debilidade. Gozar da melhor saúde possível é direito de todo homem, independente de raça, religião, convicção política ou situação enocômica e social.” 

É por esse motivo que temos visto um crescimento notável no uso das terapias musicais nos mais diversos ambientes. Empresas têm adotado o canto coral como uma forma de “aliviar o estresse diário” e para “socialização” de seus funcionários. Está sendo observado que as empresas aonde esse tipo de atividade é implantada têm tido resultados satisfatórios no que diz respeito a relacionamentos de seus empregados: sorrisos e simpatia têm aumentado nas relações. Com isso, o desempenho do trabalho é feito com menos estresse e com maior prazer.

Enfim, ouvir música traz saúde à mente e ao corpo. Alivia tensões, ajuda a refletir, transporta-nos para situações e cenários prazerosos. Ela é uma aliada poderosa para nos curar. Que importância a música tem ocupado em sua vida? Você ouve música com que frequência? Você canta? Toca algum instrumento musical? Eis aí, ao nosso alcance, um dos mais gostosos remédios para os males da vida. Melhor ainda se ela for nossa ferramenta para a prevenção deles! Basta-nos inserir esse remédio à nossa rotina e usufruir de todos os benefícios que ele pode nos trazer, e, além disso, sermos promotores de saúde conquistando outros à prática musical. 

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