quarta-feira, 29 de maio de 2013

DÁ MEDO SÓ DE PENSAR!

*Professora universitária e mestre em mídias digitais

Às vezes gritar não é o suficiente. É preciso encolher o corpo, fechar os olhos, agarrar a poltrona e, aí sim, soltar o grito de pavor!


Esse é o comportamento, na maioria das vezes, quando assistimos a um filme de terror no cinema.  Particularmente este não é meu gênero preferido, mas as histórias de pavor estão no gosto de muita gente. E por que será que tantas pessoas admiram e buscam esse tipo de filme?

Estudos explicam, na teoria, que o gosto pela arte que aterroriza acontece de maneira estranha, já que o comportamento normal do homem é buscar o prazer, evitando a dor e angústias.  Talvez o principal motivo que desperta o interesse desse público seja a possibilidade de embarcar em experiências nunca vividas, mesmos que isso signifique ter sensações negativas porque, no final, é tudo mentirinha.

O sentimento de medo nos ajuda a ficar longe do perigo e nos protege de riscos; sabemos disso desde criança. Parece estranho pagar um ingresso para assistir a um filme que provoca medo. Mas nem tudo é o que parece; além do medo, os filmes de terror causam um sentimento eufórico que, ao final, é aliviado quando o filme acaba e o monstro some, assim como os fantasmas e espíritos que assombram e evaporam-se.  E é essa sensação de medo que libera, por um processo químico/neurológico, a sensação de bem-estar, pós filme.   Os sentimentos são diferentes, mas se completam. É como praticar esportes de aventura, de extremo risco: o bom é que o medo vem junto com o prazer. Entrar numa sala escura e mergulhar em cenas  impossíveis de viver na vida real, é o fator mais atraente nesses tipos de filme.

Na luta do bem contra o mal, os personagens exóticos, com poderes horrorosos, criam um estreitamento com o público, e isso não é tarefa fácil, não. As cenas precisam aproximar o imaginário da realidade; quanto mais próximo estiver do mundo real, melhor. O diretor de fotografia dessas produções precisa dar um show e os efeitos visuais precisam convencer em cada cena de arrepio. A trilha sonora deve ser sinistra, atores impecáveis, uma boa história com sustos horripilantes, faz parte. 

A trajetória da Sétima Arte pelo gênero terror nos últimos 10 anos ganhou popularidade, graças a algumas produções asiáticas, que mais tarde os americanos fizeram os remakes, como O Chamado e O Grito, ambos com muito sucesso.  Vasculhando o surgimento desses filmes, encontramos como uma das primeiras produções Frankenstein (1931) e Drácula (1931), contos do século XIX; nos rolos de filmes, foram uns dos primeiros a emplacar, com efeitos super elaborados para a época, nascia a era dos vampiros! Assim, os cineastas descobriram o potencial do medo para as telonas.

Na década de 1940, o gênero esfriou e nada mais aterrorizava do que os efeitos da Segunda Guerra Mundial (1942), ficando difícil para os produtores. A solução foi colocar a cabeça pra funcionar, e deu certo! Nasceram os monstros gigantes e Godzilla (1954), marca sua época.  A grande revolução aconteceu nos anos 1960, com Alfred Hitchock. Ele aproximou o público com o clássico Psicose (1960) e Os Pássaros (1963), em que pessoas normais disparavam o medo.

As décadas de 1970 e 1980 permitiram um fôlego ao gênero, com obras de uma nova safra de filmes fortes de terror, novamente em meios a conflitos. Desta vez, a Guerra do Vietnã  serviu de inspiração e matéria-prima para os cineastas e, assim, surgiu O Exorcista (1973), que se tornou um clássico e  O Massacre da Serra Elétrica (1974), que tem sua continuidade rolando no Brasil. Com orçamento baixo, chocou e conquistou a plateia. Falando em orçamento, o destaque vai para filmes com custos muito baixos, como Atividade Paranormal (2007); estima-se seu custo em US$ 15 mil dólares  e Jogos Mortais (2004), que, embora os custos tenham sido pequenos, as bilheterias foram grandiosas.  O público cansou de ver filmes e suas continuações como Sexta-Feira 13 (1980), o gênero se desgastou e só com O Silencio dos Inocentes (1991), o clima aliviou. O filme conquistou o Oscar de Melhor Filme; o primeiro para filmes de terror. 

O mais famoso dos filmes é O Chamado (1998), refilmado em 2002, pela indústria americana que, com a falta de criatividade nos anos 2000, sacou a refilmagem e disparou os remakes; assim chegou Psicose (1998) de Alfred Hitchcock. Outros países produziram obras que instigaram o público, e da Espanha veio Os outros (2001), da Coreia do Sul O Hospedeiro (2006), entre outros países. Foi assim que os estúdios americanos ganharam fôlego. O terror da vida real também marcou o cinema do medo e foi com a tragédia do 11 de setembro nos EUA que teve início a fase de filmes que torturam seus personagens. O sucesso ocorreu com Jogos Mortais e na sequência por Atividade Paranormal.

Com este breve histórico percebemos que o gênero “Terror” está conectado, muitas vezes, com preocupações e momentos da sociedade e do público. O cinema, em mais uma de suas atuações, ajuda o público a extravasar, expulsar sentimentos sombrios, como uma válvula de escape mesmo.

Então, aproveite a oportunidade, veja qual monstro gosta mais, marque um encontro com Freddy Krueger (A Hora do Pesadelo) ou com Chuck (Brinquedo Assassino) e espante seus fantasmas! Vai dar  um friozinho na barriga, mas vai que dá certo?! Vá lá.... sem medo de ser feliz!

Até mais!

Dicas Filmes de Terror:
O que ta rolando
O Massacre da Serra Elétrica - A Lenda Continua (2013): Uma garota escapou de um massacre que matou cinco pessoas e é criada sem saber a verdade sobre seu passado. Quando adulta é surpreendida ao ser informada que é a beneficiária da herança de uma avó que nem sabia existir. Ao lado dos amigos viaja ao Texas para conhecer a mansão que herdou e que não pode vender a mansão. É surpreendida por outro parente que também sobreviveu ao massacre de décadas atrás.

O que já rolou 
Os Outros (2001): Uma refilmagem moderna e adaptada de temas de casas mal-assombradas. A casa na qual se passa quase todo o filme é fantasmagórica e isolada de um vilarejo. O destaque é para Nicole Kidman. Vale assistir!

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