Antonio Luceni
aluceni@hotmail.com
Quando era criança, assim como muitas outras
crianças, gostava de imitar super-heróis. Ficava assistindo a desenhos animados
e, depois, simulava ter o poder de alguns personagens, saía correndo pela casa,
visitando planetas desconhecidos, enfrentando monstros terríveis, resolvendo os
problemas da humanidade.
Vez ou outra, também sonhava como sendo detentor de
algum poder mágico. O de que mais gostava era voar. Como era gostoso lançar-me
no ar e sair flutuando; fechar os olhos e reaparecer em um outro plano, fugindo
do perigo; lançar raios pelas mãos e destruir gigantes ou coisas do gênero.
Fico observando o cenário nacional e mundial e
ponho-me a perguntar também: Para que os poderosos querem poder? O que fazem
com o poder que têm?
As manchetes dos jornais de todo mundo não param de
registrar a eminente onda de ataques da Coreia do Norte contra sua irmã do Sul
e países vizinhos, num daqueles ataques de histeria provocados sabe Deus por
que e que, sem ninguém para controlar, pode custar caro para a humanidade.
O filhote de ditador, Kim Jong-un – talvez sofrendo da
síndrome de Peter Pan –, pensa estar brincando de super-herói, em meio a seus
“brinquedinhos nucleares”. Está doido para ver um “foguinho” aqui, uma “explosãozinha”
acolá, algumas “casinhas” indo para o ar. Kim Jong-un – o anti-herói, o sado-herói,
o herói falastrão do mundo –, com seus podres poderes, quer sair intimidando a
todos, fazendo prevalecer suas podres vontades. Bate o pé, faz birra, porque seus
desejos estão sendo questionados. “Onde já se viu, alguém dizer o que é pra eu
fazer? Você não é meu pai! Meu pai já morreu, quem manda em mim sou eu!”.
Quer saber? Não gosto de crianças birrentas!
Em pleno século XXI, vermos coisas como essas se
repetindo, não é possível. Não é viável que regridamos tanto, do ponto de vista
de nossa humanidade, com atitudes pré-históricas. Como se as duas grandes
guerras mundiais não nos tivessem ensinado que guerra não vale a pena, que os
mais fracos são os mais prejudicados por ela, que somente os mais fortes ficam protegidos
em suas salas antimísseis, com seus jatos superpotentes à disposição para fuga
a um outro país, de um outro louco enamorado pelas loucuras do louco da vez.
O poder pelo poder, a vaidade pela vaidade, a
arrogância como resultado de tudo. É o caso do líder comunitário que só se
lança representante do bairro para tirar proveito da liderança em benefício
próprio. Do pastor ou do padre que funda uma igreja ou paróquia somente para o
deleite pessoal, para “mandar” num grupo, mas que, de fato, não tem vínculo
algum com ele, não se identifica com suas causas, está pouco “se lixando” se
está bem ou mal; é o caso de vereadores, deputados e senadores e seus “currais”
eleitorais, que mantêm com as cestas básicas da vida, com os milheiros de
tijolos e sacos de cimento, com as próteses dentárias e churrascos de carne de
segunda e cervejas quentes os seus “gados”.
Há certa semelhança entre minhas brincadeiras de
infância e as “brincadeiras” dos poderosos acima: ambos brincamos. Agora, a
crucial diferença é que meus poderes de criança não atingiam ninguém; fizeram
parte do meu desenvolvimento psicossocial. Já os podres poderes dos poderosos
fazem mal a muitos, menos a eles.
Antonio Luceni é mestre em Letras, jornalista e escritor. Diretor da
União Brasileira de Escritores – UBE e membro da Academia Araçatubense de
Letras – AAL.
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