sexta-feira, 22 de março de 2013


Violência e educação
Antonio Luceni
aluceni@hotmail.com

Mais uma vez, as escolas públicas estaduais de Araçatuba são objeto de manchetes na imprensa de nossa cidade e região, em razão da violência e desrespeito provocados por alunos. E o pior: não é algo exclusivo de nosso município. As ocorrências fazem parte de escolas do Brasil inteiro, nas mais diferentes faixas etárias, das mais diversas classes sociais, variando apenas em intensidade.
As causas são muitas e todas elas complexas demais para encontrarmos soluções rápidas e simplistas. É o resultado de décadas de descaso para com a educação, má formação docente, alienação de gestores escolares, políticas assistencialistas e eleitoreiras por parte de governantes, desestrutura família, criminalidade, violência, drogas e presença do crime organizado nas várias esferas sociais.
O produto deste amálgama social desemboca na escola como uma verdadeira “bomba de urano enriquecido”, prestes a explodir, atingindo todos que estão no entorno. E as consequências desse desastre não são nada boas: aluno desrespeitando aluno, com agressões verbais e físicas; alunos agredindo professores e gestores escolares, chegando a situações extremas, como lesões físicas sérias e assassinatos; alunos destruindo patrimônio público, depredando prédios e móveis, ateando fogo nas dependências escolares etc., etc., etc... Professores estressados, sem condições de trabalho, com atestados e mais atestados de depressão profunda, problemas ligados à voz, síndromes das mais diversas, e por aí vai.
São crianças, adolescentes e jovens que, na ausência de modelos nos quais possam se espelhar, sem parâmetros sérios de limites no falar, no agir, no se relacionar, sem rotinas organizacionais que estimulem hábitos saudáveis de estudo, de pesquisa etc... passam a vivenciar e praticar padrões mais fáceis de serem reproduzidos, que dialogam com o desrespeito, a arrogância, a altivez, a banalização, e tantos outros valores podres de uma sociedade fútil e alienada como a nossa.
É preciso que nos indignemos diante disso. É preciso que não entendamos e aceitemos isso tudo como normal, porque o desrespeito não é normal. É preciso que cada um de nós, adultos, educadores, agentes transformadores da sociedade retomemos o controle e coloquemos os pingos nos “is”. Que, juntos, busquemos mecanismos diários que inibam a mentira, o desrespeito, a violência, seja ela de que forma for. É preciso que educadores, famílias, promotorias da infância e da juventude, secretarias de educação, organizações e redes de proteção ao menor etc. se posicionem de forma assertiva, firme e eficaz frente aos problemas elencados antes, dando condições de trabalho para os profissionais da educação, e não os demonizando, como costumeiramente acontece.
O discurso da “educação como prioridade” precisa sair, urgentemente, dos palanques e papéis e apresentar-se como algo viável, prático e duradouro. Como política de governo e não somente como ações estanques e paliativas.
Um País como o Brasil, que desponta à quinta nação mais importante do mundo, não pode ostentar um índice tão grave de desrespeito para com a educação, com tantas barbaridades como a que estamos vendo diariamente estampadas nos noticiários de tevê, rádio, internet e jornal. Os professores – principalmente eles – não podem ser vítimas de um sistema tão cruel quanto ao que estamos submetidos em nosso País.

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