sexta-feira, 15 de março de 2013



Francisco, Chico
Antonio Luceni
aluceni@hotmail.com


Era pra eu me chamar Francisco também. Lá em casa, todos o são, Francisco. Uma Francisca, a Linda, minha irmã. Promessa de minha vó Joana: “Se esse menino sobreviver, todos terão o nome de São Francisco”. E assim o foi: Francisco Lúcio, Francisco Lindomar, Francisco Lucivan e Francisca Lindalva. Só eu fiquei fora da história porque, na hora do nascimento, estava com o cordão umbilical envolto ao pescoço. Daí, licença pra um santo e homenagem pra outro: Santo Antônio.
Como todos são “Francisco” e o segundo nome de cada um deles não é tão comum, também todos preferiam ser chamados de “Francisco”. “O Francisco está?”, e a pergunta inevitável: “Qual?”. O coitado ou a coitada do outro lado da linha não sabia o que dizer.
Mas na verdade todos somos “Chico”, gente do povo mesmo. Vivemos uma vida franciscana, mesmo sem fazer opção por ela. Desde muito cedo sabemos o que é sofrer, o que é ser marginalizado, o que é padecer com falta de roupa, comida, moradia, saúde e essas coisas todas que, infelizmente, para a maioria dos povos da Terra são artigo de luxo.
Agora temos um “Francisco” que está chamando a atenção do mundo todo. Um “Francisco” que, ao que tudo indica, tenderá para uma postura mais de “Chico”, isto é, de alguém que dialogue com os simples, que fale de forma acessível, que se faça compreender pela maioria.
Nossa família é cheia de “Franciscos”. Cada um deles com seu modo particular de ser: O “Francisco Lúcio”, naquele jeitão calado dele, mais observador, paizão de todos nós. O irmão mais velho que desde cedo contribuiu para com o sustento da família. A “Francisca Lindalva”, com seu jeito mais sisudo, mas que se mostra um ser humano incrível na educação dos filhos e como mulher dedicada à família. O “Francisco Lindomar” é o mais divertido e envolvente de todos os “Franciscos”; sem ele os encontros não são os mesmos. O “Francisco Lucivan”, o menino-homem, responsável, dedicado e dinâmico.
Todos eles, repito, “Chicos”, porque são simples, gente humilde, batalhadora e desprovida de altivez, arrogância, prepotência e ostentação. Não são santos, não. Têm as falhas como humanos que são. Mas, honestamente, as virtudes são mais fortes.
O mundo todo olha pra um “Francisco”, agora. Um “Francisco” que se propõe a ser “Chico”. Lá em casa, temos muitos “Franciscos”; todos eles “Chicos”.



Senhor, fazei do Chico um instrumento de sua paz!


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