Eu acho é pouco
Antonio Luceni
aluceni@hotmail.com
Reverenciar a mulher por um dia, enchê-la de
declarações de amor, sair para jantar num restaurante caro, tolerar essa ou
aquela mania, abrir a porta do carro pra ela, mandar flores... Tudo isso é
muito bom, mas só por um dia, desnecessário.
Valorizar as
mulheres é prestigiá-las durante o ano todo. É perceber o quanto são imprescindíveis
em nossas vidas, assim como nós somos nas vidas delas, por meio de gestos,
palavras, demonstrações de afeto e carinho.
Vivo num
universo feminino o tempo todo. Foi por meio de mulheres que aprendi, ainda na
infância, a como me relacionar com o mundo. Dona Joana e Dona Maria foram as
responsáveis por isso. Minha avó e mãe continuam sendo, até hoje, minhas
grandes mestras. Desde muito cedo comecei a lecionar, e minhas primeiras turmas
foram de crianças. O único homem, num universo cheio de mulheres.
Esse processo
de aprendizado foi estendido, profissionalmente, no magistério, quando as
mulheres, minhas professoras, continuaram me ensinando, e assim foi nas
graduações, pós, mestrado: Nilce, Milka, Júlia, Kátia, Bete, Cleonice, Zilda, Aleni,
Marilza, Vera, Ir. Mariana, Ir. Izabel, Ir. Lucília, Ir. Natalina, Iglair,
Marilena, Ângela, Sílvia, Sônia, Roseli, Ester, Patrícia, Renata, Sheila, Ana,
Áurea, Márcia, Jeane...
Numa família
cheia de meninos, faltavam meninas. Somos cinco irmãos: quatro homens e uma
mulher. Minha mãe sempre viveu cercada por homens em casa. Quando começaram a
chegar os netos, claro: a esperança que viessem mulheres. Mas não foi assim: o
primeiro, homem; o segundo, homem; o terceiro: homem... E sempre a expectativa
de uma menina. Então, veio a Júlia. A primeira neta. Foi uma festa só. Minha mãe
ficou cuidando da mineirinha durante os primeiros meses, colaborando com minha
irmã. Depois, a notícia de uma nova gravidez. O que será? Façam suas apostas...
Errou quem pensou “homem”. Veio a Letícia, a segunda neta. Esta mais próxima. Mora
em Araçatuba. Nova alegria com a presença de mais uma mulher na família.
Tento retratar
o cotidiano, o percurso das várias formas da presença das mulheres em minha vida
e o carinho e respeito que tenho por elas. Não reservo uma data em especial
para dizer “eu te amo”. Não escolho um dia para respeitá-las e prestigiá-las
como mulher que são, consciente de que não há uma disputa entre quem é melhor
ou mais inteligente, que é mais ou menos importante, quem tem que ir pra
cozinha ou pra churrasqueira. Todos nós mantemos, em nossa família e relações,
uma atitude de respeito para com o ser humano, indiferente de sexo, posição
social, cor de pele, credo religioso.
O respeito que
mantemos com as mulheres que nos rodeiam é algo permanente. Flores são mandadas
em aniversário ou em razão de uma conquista profissional ou pessoal. Almoços são
sagrados em todos os finais de semana, e todo mundo vai para o fogão e para
limpeza no final do dia. Há mulheres que ganham mais que alguns dos homens de
nossa família, e isso não é motivo para desdém nem “bico torto”, por parte dos
homens.
Se há o que se
comemorar em datas especiais, como esta do Dia Internacional da Mulher, que
seja então para se fazer um balanço do que deve ser feito o ano todo, 7 dias na
semana, 24 horas por dia. As diferenças existentes entre homem e mulher são justamente
para que um seja o complemento do outro, mas nunca para que um seja diminuído
pelo outro.
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