sexta-feira, 8 de março de 2013

Eu acho é pouco


Eu acho é pouco
Antonio Luceni
aluceni@hotmail.com

Reverenciar a mulher por um dia, enchê-la de declarações de amor, sair para jantar num restaurante caro, tolerar essa ou aquela mania, abrir a porta do carro pra ela, mandar flores... Tudo isso é muito bom, mas só por um dia, desnecessário.
Valorizar as mulheres é prestigiá-las durante o ano todo. É perceber o quanto são imprescindíveis em nossas vidas, assim como nós somos nas vidas delas, por meio de gestos, palavras, demonstrações de afeto e carinho.
Vivo num universo feminino o tempo todo. Foi por meio de mulheres que aprendi, ainda na infância, a como me relacionar com o mundo. Dona Joana e Dona Maria foram as responsáveis por isso. Minha avó e mãe continuam sendo, até hoje, minhas grandes mestras. Desde muito cedo comecei a lecionar, e minhas primeiras turmas foram de crianças. O único homem, num universo cheio de mulheres.
Esse processo de aprendizado foi estendido, profissionalmente, no magistério, quando as mulheres, minhas professoras, continuaram me ensinando, e assim foi nas graduações, pós, mestrado: Nilce, Milka, Júlia, Kátia, Bete, Cleonice, Zilda, Aleni, Marilza, Vera, Ir. Mariana, Ir. Izabel, Ir. Lucília, Ir. Natalina, Iglair, Marilena, Ângela, Sílvia, Sônia, Roseli, Ester, Patrícia, Renata, Sheila, Ana, Áurea, Márcia, Jeane...
Numa família cheia de meninos, faltavam meninas. Somos cinco irmãos: quatro homens e uma mulher. Minha mãe sempre viveu cercada por homens em casa. Quando começaram a chegar os netos, claro: a esperança que viessem mulheres. Mas não foi assim: o primeiro, homem; o segundo, homem; o terceiro: homem... E sempre a expectativa de uma menina. Então, veio a Júlia. A primeira neta. Foi uma festa só. Minha mãe ficou cuidando da mineirinha durante os primeiros meses, colaborando com minha irmã. Depois, a notícia de uma nova gravidez. O que será? Façam suas apostas... Errou quem pensou “homem”. Veio a Letícia, a segunda neta. Esta mais próxima. Mora em Araçatuba. Nova alegria com a presença de mais uma mulher na família.
Tento retratar o cotidiano, o percurso das várias formas da presença das mulheres em minha vida e o carinho e respeito que tenho por elas. Não reservo uma data em especial para dizer “eu te amo”. Não escolho um dia para respeitá-las e prestigiá-las como mulher que são, consciente de que não há uma disputa entre quem é melhor ou mais inteligente, que é mais ou menos importante, quem tem que ir pra cozinha ou pra churrasqueira. Todos nós mantemos, em nossa família e relações, uma atitude de respeito para com o ser humano, indiferente de sexo, posição social, cor de pele, credo religioso.
O respeito que mantemos com as mulheres que nos rodeiam é algo permanente. Flores são mandadas em aniversário ou em razão de uma conquista profissional ou pessoal. Almoços são sagrados em todos os finais de semana, e todo mundo vai para o fogão e para limpeza no final do dia. Há mulheres que ganham mais que alguns dos homens de nossa família, e isso não é motivo para desdém nem “bico torto”, por parte dos homens.
Se há o que se comemorar em datas especiais, como esta do Dia Internacional da Mulher, que seja então para se fazer um balanço do que deve ser feito o ano todo, 7 dias na semana, 24 horas por dia. As diferenças existentes entre homem e mulher são justamente para que um seja o complemento do outro, mas nunca para que um seja diminuído pelo outro.

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