Antonio
Luceni
aluceni@hotmail.com
- O senhor pega esta fila e pede pra que
batam o carimbo na via branca, assinem nesse espaço na via azul, repete a
assinatura nas vias rosa e verde, depois volta aqui.
- Pronto.
- Agora o senhor preenche este
formulário, com estas cinquenta perguntinhas aqui e depois traz pra mim ver.
- Pronto.
- Agora o senhor leva isso tudo aqui no
cartório e aí pede pra eles autenticarem tudo, reconheça firma e depois volte
aqui.
- Pronto.
- Agora o senhor leva isso tudo na
prefeitura e pede pra eles vistarem e depois traz aqui.
- Pronto.
- Agora o senhor pode aguardar que quando
tudo estiver “ok” a gente entra em contato com o senhor.
Já parou para pensar no quanto a gente
fica perdendo tempo com tanto papel? Já parou para pensar que a vida poderia
ser mais simples, as coisas poderiam funcionar eletronicamente, as anotações
deveriam acontecer somente se fossem imprescindíveis, a quantidade de volumes
de provas, semanários, cadernetas, papeletas, FIAP’s, portifólios poderiam ser
bem menores?
O mundo de hoje é muito dinâmico pra
gente ficar parado frente a tantos papéis. As traças e as baratas já estão
alimentadas o suficiente e seus estoques de gordura são suficientes para as
próximas décadas.
Ao invés de a gente ficar preenchendo
tanto papel – que no final não serve pra muita coisa a não ser encher arquivos
mortos, prateleiras mofadas e gavetões de armários que são verdadeiros
elefantes brancos nas repartições públicas – deveríamos canalizar a maior parte
de nossa energia lendo um bom livro, recebendo ou dando orientações técnicas e
profissionais, bem mais úteis para o nosso dia a dia.
A bu(r)rocracia engessa. A bu(r)rocracia
cristaliza. A bu(r)rocracia é burra.
Falam tanto em preservação do meio
ambiente, pedem tanto pra gente poupar isso e aquilo, arrancam de nós as
sacolas plásticas, fazem a gente fazer xixi no piso do banho – e é lógico que
algumas dessas atitudes são válidas, mas também questionáveis – e não trocam
hábitos que são igualmente – e em alguns casos mais – graves que os descritos
antes.
Abaixo a bu(r)rocracia. Abaixo tudo
aquilo que faz a gente perder nosso precioso tempo. Abaixo tudo aquilo que é
menos que pensar, que exercitar o cérebro, que aprofundar conceitos, que agrida
o meio ambiente!
Antonio Luceni é mestre em Letras e escritor. Membro e Diretor de
Integração Nacional da União Brasileira de Escritores – UBE.
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