domingo, 13 de maio de 2012

Pra que facilitar?


Antonio Luceni
aluceni@hotmail.com

- O senhor pega esta fila e pede pra que batam o carimbo na via branca, assinem nesse espaço na via azul, repete a assinatura nas vias rosa e verde, depois volta aqui.
- Pronto.
- Agora o senhor preenche este formulário, com estas cinquenta perguntinhas aqui e depois traz pra mim ver.
- Pronto.
- Agora o senhor leva isso tudo aqui no cartório e aí pede pra eles autenticarem tudo, reconheça firma e depois volte aqui.
- Pronto.
- Agora o senhor leva isso tudo na prefeitura e pede pra eles vistarem e depois traz aqui.
- Pronto.
- Agora o senhor pode aguardar que quando tudo estiver “ok” a gente entra em contato com o senhor.
Já parou para pensar no quanto a gente fica perdendo tempo com tanto papel? Já parou para pensar que a vida poderia ser mais simples, as coisas poderiam funcionar eletronicamente, as anotações deveriam acontecer somente se fossem imprescindíveis, a quantidade de volumes de provas, semanários, cadernetas, papeletas, FIAP’s, portifólios poderiam ser bem menores?
O mundo de hoje é muito dinâmico pra gente ficar parado frente a tantos papéis. As traças e as baratas já estão alimentadas o suficiente e seus estoques de gordura são suficientes para as próximas décadas.
Ao invés de a gente ficar preenchendo tanto papel – que no final não serve pra muita coisa a não ser encher arquivos mortos, prateleiras mofadas e gavetões de armários que são verdadeiros elefantes brancos nas repartições públicas – deveríamos canalizar a maior parte de nossa energia lendo um bom livro, recebendo ou dando orientações técnicas e profissionais, bem mais úteis para o nosso dia a dia.
A bu(r)rocracia engessa. A bu(r)rocracia cristaliza. A bu(r)rocracia é burra.
Falam tanto em preservação do meio ambiente, pedem tanto pra gente poupar isso e aquilo, arrancam de nós as sacolas plásticas, fazem a gente fazer xixi no piso do banho – e é lógico que algumas dessas atitudes são válidas, mas também questionáveis – e não trocam hábitos que são igualmente – e em alguns casos mais – graves que os descritos antes.
Abaixo a bu(r)rocracia. Abaixo tudo aquilo que faz a gente perder nosso precioso tempo. Abaixo tudo aquilo que é menos que pensar, que exercitar o cérebro, que aprofundar conceitos, que agrida o meio ambiente!

Antonio Luceni é mestre em Letras e escritor. Membro e Diretor de Integração Nacional da União Brasileira de Escritores – UBE.

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