segunda-feira, 2 de abril de 2012

O milagre da passagem


Antonio Luceni
aluceni@hotmail.com

Nesta semana, cristãos de todo o mundo comemoram o milagre da passagem. Como sinal da esperança no coração dos homens, desde a antiguidade judeus celebravam a páscoa como forma de dizer que “sim, é possível uma vida melhor”. É verdade que a primeira celebração não teve nada de ovos de chocolate, coelhinhos e bombons trufados. Pelo contrário: ervas amargas e sentimento de alerta. Afinal, tudo do velho deveria ser deixado para trás e uma vida nova se anunciava aos crentes.
O cordeiro sacrificado para alimentar todas as famílias na noite que antecedeu a diáspora judaica também o foi feito com a morte do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Cristo é o pão da vida, o alimento que nutre todos os que Dele provam e, conforme Ele mesmo garantiu, nunca mais têm fome ou sede.
Páscoa para mim sempre foi, e continuará sendo, o momento mais sublime de nossa fé. O natal é importante; também cumprimento de uma promessa realizada há milênios, como dádiva do céu: a esperança começa. Mas somente com a ressurreição é que temos a certeza e a revelação da plenitude divina de Jesus Deus. Porque não há novidade no nascimento. Todos nós nascemos. Também, não há novidade na morte. Todos nós morremos. Mas foi com a ressurreição que reascendemos nossas esperanças num futuro melhor, numa outra vida possível, na esperança de que a história não termina por aqui.
Diferente do sentimento de gastança e de comilança a que estamos submetidos em todos os feriados, na Páscoa deveríamos comer ervas amargas e reunir a família para pensar no Cordeiro que deu a sua vida por nós, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia para nos dar a esperança da vida.
A primeira páscoa também foi resultado da própria indignação de Deus frente aos mandos e desmandos de um louco faraó que humilhava os filhos de Javé. Como escravos e forasteiros eram perseguidos, violados em suas crenças e diminuídos como nação.
Nós também temos nossos governantes loucos, que tiram nosso sono com tantos impostos, que nos humilham como nação e que nos envergonham frente aos poderes do mundo. Vez ou outra (numa constância desmedida), somos manchete internacional com desvios de dinheiro, altos reajustes de salários, enquanto milhares de pessoas passam fome e perdem suas esperanças.
Este é tempo e o momento de renovarmos nossas esperanças e usarmos de nossa principal e melhor arma para sermos livres do cativeiro do Egito, dos loucos faraós que nos rodeiam: o voto.
Também comemos nossas ervas amargas diariamente, quando temos que encarar e vivenciar o capitalismo desenfreado, no qual também somos escravos, onde nossa força de trabalho são usados para enriquecer a poucos e para viver de forma desgraçada e aviltante. Por justiça social entendem alguns com risos, soberba e prepotência.
Mas há esperança. A ressurreição de Cristo foi no sentido de dizer que todos os reinos passam. Por mais que o tempo seja desgastante, por mais que a morte segure lá, por dois ou três dias, o Cordeiro de Deus, Ele ressurgirá com poder e glória para nos dar ESPERANÇA.

Antonio Luceni é mestre em Letras e escritor. Diretor de Integração Nacional da União Brasileira de Escritores – UBE. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário