Antonio Luceni
aluceni@hotmail.com
Nesta semana,
cristãos de todo o mundo comemoram o milagre da passagem. Como sinal da
esperança no coração dos homens, desde a antiguidade judeus celebravam a páscoa
como forma de dizer que “sim, é possível uma vida melhor”. É verdade que a
primeira celebração não teve nada de ovos de chocolate, coelhinhos e bombons
trufados. Pelo contrário: ervas amargas e sentimento de alerta. Afinal, tudo do
velho deveria ser deixado para trás e uma vida nova se anunciava aos crentes.
O cordeiro
sacrificado para alimentar todas as famílias na noite que antecedeu a diáspora
judaica também o foi feito com a morte do Cordeiro de Deus que tira o pecado do
mundo. Cristo é o pão da vida, o alimento que nutre todos os que Dele provam e,
conforme Ele mesmo garantiu, nunca mais têm fome ou sede.
Páscoa para mim
sempre foi, e continuará sendo, o momento mais sublime de nossa fé. O natal é
importante; também cumprimento de uma promessa realizada há milênios, como
dádiva do céu: a esperança começa. Mas somente com a ressurreição é que temos a
certeza e a revelação da plenitude divina de Jesus Deus. Porque não há novidade
no nascimento. Todos nós nascemos. Também, não há novidade na morte. Todos nós
morremos. Mas foi com a ressurreição que reascendemos nossas esperanças num
futuro melhor, numa outra vida possível, na esperança de que a história não
termina por aqui.
Diferente do
sentimento de gastança e de comilança a que estamos submetidos em todos os
feriados, na Páscoa deveríamos comer ervas amargas e reunir a família para
pensar no Cordeiro que deu a sua vida por nós, foi sepultado e ressuscitou ao
terceiro dia para nos dar a esperança da vida.
A primeira
páscoa também foi resultado da própria indignação de Deus frente aos mandos e
desmandos de um louco faraó que humilhava os filhos de Javé. Como escravos e
forasteiros eram perseguidos, violados em suas crenças e diminuídos como nação.
Nós também
temos nossos governantes loucos, que tiram nosso sono com tantos impostos, que
nos humilham como nação e que nos envergonham frente aos poderes do mundo. Vez
ou outra (numa constância desmedida), somos manchete internacional com desvios
de dinheiro, altos reajustes de salários, enquanto milhares de pessoas passam
fome e perdem suas esperanças.
Este é tempo e o
momento de renovarmos nossas esperanças e usarmos de nossa principal e melhor
arma para sermos livres do cativeiro do Egito, dos loucos faraós que nos
rodeiam: o voto.
Também comemos
nossas ervas amargas diariamente, quando temos que encarar e vivenciar o
capitalismo desenfreado, no qual também somos escravos, onde nossa força de
trabalho são usados para enriquecer a poucos e para viver de forma desgraçada e
aviltante. Por justiça social entendem alguns com risos, soberba e prepotência.
Mas há
esperança. A ressurreição de Cristo foi no sentido de dizer que todos os reinos
passam. Por mais que o tempo seja desgastante, por mais que a morte segure lá,
por dois ou três dias, o Cordeiro de Deus, Ele ressurgirá com poder e glória
para nos dar ESPERANÇA.
Antonio Luceni é mestre em Letras
e escritor. Diretor de Integração Nacional da União Brasileira de Escritores –
UBE.
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