domingo, 26 de junho de 2011

O VALOR DA AMIZADE

Antonio Luceni
aluceni@hotmail.com

Vamos já começar problematizando o título? Se algo tem valor é porque pode ser mensurado, não é mesmo? Então, quando se chega a um fim, ao esgotamento da discussão, o assunto afunda-se em si mesmo. Fica já com jeitão de página virada, missão cumprida, calmaria...
Quantas pessoas passam pela vida da gente e deixam marcas em nossas vidas... Há pessoas que só passam, não é verdade? Vez ou outra cruzo com alguém na rua ou num supermercado, por exemplo, e aí a pessoa fica me olhando, eu tentando buscar na memória quem seria ela, em que momento teríamos cruzados nossas relações sociais, mas não tem jeito: fica no vazio. Talvez porque não se mostrou importante ou significativa para mim, não fez a diferença em minha vida.
Tem aquelas também que fizeram com que arrancássemos uma plantação de boldo!!! Aff, pra suportar tanto amargor, tanta indigestão... Só ouvir o nome do fulano já nos causa certa azia, não é? Por mais que isso não seja certo, bem sabemos, por mais que tenhamos que “dar a outra face”, mas o sabor do gesto volta. Não tem jeito. Mas aí, não vale a pena lembrar. Deixa isso pra lá.
Agora, coisa boa é gente bacana, que faz a gente crescer, que promove desafios pra gente, que nos instiga como ser humano. Essas pessoas estão cada vez mais raras, mas elas existem, sim. E se de fato existe mesmo o poder da atração, fico feliz com as amizades que tenho atraído para perto de mim.
Você já se relacionou com uma pessoa que, logo de cara, da primeira vez em que a viu, já gostou dela? Sei lá, é algo gratuito, sem muitos dedos, sem mais tempo para isto ou aquilo. Quando a gente vê já está envolvido em amizade, e a sensação que fica depois de uma ou duas semanas é que a gente já se conhecia há anos.
Gosto de conhecer pessoas. Gosto de me aproximar de alguém e ter a oportunidade de absorver pensamentos novos, ideias novas, visões diferentes do mundo. Afinal, somos INDIVÍDUOS e, dessa forma, cada um de nós tem um jeito muito particular de se relacionar com a vida.
Como diz Drummond no poema “Mundo grande”: “por isso frequento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias: preciso de todos.”.  E todos nós precisamos uns dos outros. Todos nós aprendemos uns com os outros. E a vida seria muito mais fácil de ser vivida se cada um de nós olhasse o outro não como concorrente, mas como alguém muito particular e que, por ser diferente da gente, não é concorrente, é cooperador de nossas ideias e ações.
Uma amizade pode ser medida de muitas formas e sob diferentes aspectos. Melhor dizendo: uma amizade, um amigo de verdade não tem valor, porque não pode ser mensurado, não pode ser acabado, nunca é esgotado.

Antonio Luceni é mestre em Letras e escritor, Diretor da União Brasileira de Escritores (UBE).

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