sábado, 28 de maio de 2011

Moralidade e ética

Algumas ideias do autor sobre moralidade e ética
YVES DE LA TAILLE

Por Maria Lúcia Terra

À luz da abordagem psicológica, Yves de La Taille desenvolve uma análise da moralidade e da ética na sociedade contemporânea e aponta ações educacionais desejáveis para a construção do que ele denomina uma ‘cultura do sentido’ e uma ‘cultura do respeito de si’.
Sua análise crítica acusa que nossa sociedade criou uma cultura do tédio, com a conivência de pais ausentes e sob a chancela de um processo de politização da moral.
Apesar da configuração social atual apresentar, como nunca, um percentual significativo de população adulta e idosa, os mais velhos se ausentam das discussões sobre moral e ética e os mais jovens assumem voz, num cenário em que mensagens sobre tais temáticas são contraditórias, tanto por parte da família quanto pela mídia.
La Taille menciona a instalação de uma situação de analfabetismo moral, na sociedade de maneira geral, atingindo os ambientes escolares: as questões morais não são discutidas ou analisadas
            Ao discorrer sobre o conceito de “cultura do tédio”, o especialista em Psicologia Moral refere-se à falta de sentido para a vida e para a própria existência, um mal muito presente na contemporaneidade.  Para o autor, vive-se hoje num mundo fragmentado, de pequenas urgências e eventos isolados, onde a falta de objetivos têm estreita ligação com o alto índice de casos de depressão, de uso de drogas e de suicídios.  Neste cenário, o tédio é a incapacidade de conseguir dar sentido ao tempo, o que motivaria a enorme indústria do divertimento e a fuga para prazeres fugazes.
           
            Sobre a “visibilidade do silêncio”, La Taille lembra que grande temor da atualidade relaciona-se ao medo de ser “perdedor”. Para ele, este temor motiva a violência dos indivíduos que buscam, em comportamentos violentos, uma alternativa para se auto afirmarem. Para um garoto pobre, por exemplo, ter visibilidade social, ele tem que causar medo. Neste sentido, o problema não é pregar o conceito de moral para uma pessoa dessas, mas analisar que, para ele, não há a construção do conceito de uma vida boa, não há uma compreensão de que o projeto de vida boa é ético e supõe cooperação e generosidade. Ao contrário, em nossa sociedade, vida boa implica a eliminação do outro, uma postura contra o outro e fora da justiça. O conceito de vida boa, neste contexto, deve ser entendido não como uma vida relacionada à obtenção de vantagens e privilégios, mas em relação a uma perspectiva ética, ou seja, esta vida boa implica na capacidade de distinguir que atitudes serão positivas para si e para o outro. Se essa compreensão estiver presente para o sujeito, ele experimentará o sentimento de dever; do contrário, a motivação para a ação moral será inexistente ou fraca.

           A análise crítica da configuração social contemporânea e a assunção do compromisso com sua transformação requer uma postura de indignação por parte das famílias e dos educadores. No entanto, La Taille lembra que os adultos estão muito quietos, muito parados, muito silenciosos e ausentes diante deste cenário, e quem domina o mundo são os jovens. Na opinião do especialista, este posicionamento é extremamente letal e muito perigoso para a educação moral e ética de uma criança.


            Bem, pessoal, espero ter contribuído para que vocês retomem as ideias de La Taille e reflitam sobre a urgência de as famílias e os educadores em geral assumirem suas responsabilidades no trato de questões de ordem moral e ética para a formação das crianças e dos jovens.

            Abraço a todos.

            Maria Lúcia 

Um comentário:

  1. elainefantunes@yahoo.com.br8 de junho de 2011 às 19:10

    Realmente Lúcia, concordo com você que esta reflexão das questões morais e ética são urgentes. Como educadores temos assumir nossa responsabilidade através de uma postura coerente ao discurso que fazemos aos nossos alunos. Pois mais do que palavras, as ações transformam mais.

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