domingo, 5 de dezembro de 2010

VAMOS ACORDAR, MINHA GENTE!

Antonio Luceni


Nero é que tinha essa mania de querer botar fogo em todo mundo. Diz a história que os jardins de seu palácio eram iluminados com cristãos pegando fogo, presos em colunas. Coisa triste de se pensar e, sobretudo, vivenciar. Ficou famoso por atear fogo em Roma.
Na semana passada escrevi nestas linhas justamente sobre intolerância. Nesta semana voltamos a vivenciar – agora mais de perto – outro caso de desrespeito: um cidadão (até encontrarem nome mais adequado e que possa ser utilizado em jornal de família) que por conta de quereres e vaidades pessoais (qualquer “motivo” irá soar como desculpa, mesmo, não tem jeito) fez a ex-mulher como refém por quase vinte e quatro horas na semana passada, em Araçatuba.
Agora, imaginem a situação: Uma pessoa trabalhando, de repente entra um louco com um revólver, manda todos saírem da sala, joga gasolina sobre a ex e fica por mais de vinte horas torturando-a psicologicamente e ameaçando-a fisicamente.
Vem polícia, vem família, vem juiz e delegada, vem até grupo especial de São Paulo e o cara nada. Ventilou-se uma conversa de que havia alugado um filme para inspirar a ação, cortado cabelo e feito a barba, tudo como manda o “figurino” para realizar a ação.
Em que mundo estamos? Aonde é que vamos parar? Sobre estas coisas que estou questionando. Num momento é intolerância porque a pessoa é negra, noutro porque é homossexual, naquele porque é nordestino, neste “porque”... Há razões para a violência? Há motivos, por mais “honestos e válidos” que sejam para que alguém se dê o direito de sair matando, estuprando, violentando o que quer que seja.
Se ao menos isso acontecesse (e isso pode parecer chocante ou mesmo politicamente incorreto) com quem merece, ou seja, traficante, estuprador, político corrupto, assassino, ladrão, vá lá, mas com gente de bem, trabalhadora, ah, não! Como diria o outro, assim não pode, assim não dá.
Até quando vamos ficar apenas como espectadores assistindo a essas e outras barbáries que acabam virando rotina em nosso meio? Qual é o prazo para que nos indignemos e nos coloquemos às ruas reclamando e exigindo ações mais enérgicas por parte das autoridades, de nossos legisladores, do Estado como um todo para que o cidadão de bem – o que os Direitos Humanos deveriam zelar – possa caminhar em paz pelas ruas, no horário que quisesse voltar para sua casa? Até quando...?
Ainda sou daqueles otimistas que acreditam num final melhor, que unidos podemos mais, que o que vale a pena deve ser validado e estimulado e o que não é tão legal assim não merece ter espaço em nosso meio.
Vamos acordar, minha gente.

Antonio Luceni é mestre em Letras e escritor, membro da União Brasileira de Escritores – UBE e Diretor do Núcleo UBE Araçatuba e Região.

2 comentários:

  1. Olá, Antonio! Concordo plenamente com você. Só faço uma pergunta, Aonde vamos chegar? Abraços!. Belo Blog, gostei.

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  2. Luceni, o seu texto retrata o quanto o homem está carente de si mesmo. Tanto vazio e desconhecimento dos próprios sentimentos que não sabe mais o que fazer para chamar a atenção do outro. Carência pura. Um passo para a loucura. Quando não há mais degraus para subir,ou retorna, ou pula.

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