segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Vinde a mim...


Dia 12 dia das crianças... E qual dia não o é, não é mesmo?!
Só quem tem criança em casa para se dar conta de que todo dia é dia delas. Se são recém-nascidas o choro não nos deixa esquecê-las por um minuto: num momento é cólica; noutro, fome; num outro, sono; num terceiro, cocô ou xixi incomodando-as.
Depois elas vão crescendo e aí você pensa que vai tudo ficar bem. Ledo engano: quando elas começam andar o desespero aumenta. Haja pernas para acompanhar aquelas perninhas que não param um só minuto no lugar. E, parece, sempre os piores lugares elas buscam para se enfiar. São verdadeiros suicidas (inocentes, é bem verdade, mas não o deixam de ser!).
Aí vem a adolescência: fase dos cabelos coloridos e esquisitos, aquelas roupas cheias de fluflu, a primeira paixão, os primeiros campeonatos e acampamentos fora de casa. As preocupações são redobradas.
Depois vem a faculdade, os estágios e, mesmo depois de formados, aqueles marmanjões dando despesas em casa e achando que ainda são crianças. Mas às vezes acho que são mesmo. Continuam sendo para os pais aqueles meninos e meninas dependentes (e a gente acaba nem achando tão ruim assim; basta estalarem os dedos que a gente está lá, prontos para socorrê-los).
Como diria Vinicius de Moraes: “Filhos, melhor não tê-los, mas se não tê-los como sabê-los”. A gente acaba sendo imortal neles, sabe. Talvez por isso os acolhamos sempre, nos importemos com eles... De certa forma é um egoísmo sacrossanto querer a perpetuação da nossa própria vida por meio da continuidade deles.
A verdade é uma só: onde tem criança há alegria, há energia, há graça, sinceridade, honestidade, verdade... Onde tem uma criança, mesmo as caras mais carrancudas se derretem, os corações mais angustiados encontram um momento – por mais efêmero que seja – de paz.
Não à toa Jesus pediu para que não impedissem de as crianças se aproximarem dele. Na própria visão do Mestre, as crianças eram – e portanto ainda são – a metáfora para quem quer chegar no céu.
Monteiro Lobato, também cansado das hipocrisias e discrepâncias dos adultos, encontra na imagem das crianças o lugar da esperança e é para elas que irá propor os seus diálogos, esperando na formação crítico-reflexiva de sua obra jovens e adultos mais adequados para transformar o mundo num lugar bom de se viver.
Que cada criança que há em nós seja cultivada diariamente e que a esperança sempre nos encontre de braços abertos para o que der e vier.

Antonio Luceni é mestre em Letras e escritor, membro da União Brasileira de Escritores – UBE e coordenador do Núcleo UBE Araçatuba e região.

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