domingo, 5 de setembro de 2010

Pátria amada...


Mais um 7 de setembro. Data festiva?
É verdade que o Brasil é privilegiado sob muitos aspectos. Vivemos num País continental que “em se plantando tudo dá”. Mas também, como disse o outro, há “pouca saúde e muita saúva".
É verdade que não temos guerras – ao menos do ponto de vista genérico, porque temos também nossos mortos diários em guerras que acontecem nas ruas, nos morros e favelas, na violência que corrói famílias inteiras por meio das drogas.
É verdade, também, que a natureza foi generosa conosco: não temos furacões, terremotos, tornados, vulcões e tantas outras catástrofes que acabam por assolar várias partes do mundo.
É verdade que por conta da nossa miscigenação somos mais receptivos e solidários. Nossa fama de hospitaleiros não é por acaso – apesar de, internamente, não tolerarmos as várias “espécies” humanas.
Mas precisamos de outras independências.
Independência financeira: não é possível que num País como o nosso, com as mais altas taxas de juros e arrecadações bilionárias, professores, policiais, servidores públicos (principalmente municipais e estaduais) sobrevivam – depois de três turnos de trabalho – com um salário que qualquer cidadão na informalidade e sem nenhum preparo em nível superior produz.
Independência da auto-estima: não dá pra sorrir feliz faltando dentes na boca, não é possível voltar para casa alegre e de bem com a vida depois de um dia de trabalho sob o sol, com as mãos calejadas e com um ovo (quando é possível tê-lo) na marmita (enquanto outros ociosos estão numa cela com cardápio cuidado por uma nutricionista e sempre variado durante a semana. Verdadeira inversão de valores).
Independência escolar: Por que as universidades públicas estão cheias de ricos abastados? Por que um pobre tem que ralar a vida toda numa escola pública, com ventiladores quebrados, sol atravessando as janelas e “rachando o coco” de crianças e adolescentes e, quando chega a hora de cursar uma universidade pública, não há vagas para eles?
Independência intelectual: Por que todos acham que a agente necessita de migalhas, esmolas e assistencialismo? Por que somos submetidos diariamente a quereres e a vontades escusas? Por que riem da nossa cara e acham que estão nos convencendo sobre isso ou aquilo?
Independência civil: Estamos em pleno movimento eleitoral, por que somos obrigados a votar se vivemos num País livre e democrático? Por que as propagandas eleitorais não são uniformes, afinal de contas, iremos escolher pessoas importantes para representarem nossas vidas em nível de estado e federação?
Ó Pátria amada, tão castigada, salve-nos, salve-nos?
Ó Brasil, celeiro da América, entre outras mil é a ti que amamos!
Independência? Morte!
Independência! Morte!
Independência.
Morte a tudo que não é para o crescimento do Brasil!

Antonio Luceni é mestre em Letras e escritor, membro da União Brasileira de Escritores – UBE, e Coodenador do Núcleo UBE Araçatuba e região.

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