terça-feira, 8 de setembro de 2009

NÃO HÁ TEMPO PRA O POEMA


















O poema está cá dentro


Mas não há tempo para ele


Não posso parar para dar-lhe vida


Ó existência fustiva


Que me aprisiona em corpo e sangue


Que para o tempo não tenho tempo





Queria parar tudo e cuidar dele


Perceber seu nascimento


Seu rebento


Sua forma tosca de se mostrar pra mim


(Digo, a forma é bela, mas meu jeito é tosco)





Não há tempo


Deixo-o pra lá


Queixoso


Mudo (para os outros)


Para mim, um incômodo sem fim





De um lado, meu desejo em sorvê-lo


Em tê-lo completamente comigo


Tirar-lhe da mente,


Do crânio móvel...


Mas não há tempo pra ele





A barriga é mais urgente


Casa, cozinha, aluguel...


E a conta que surgir noutro papel...


Não há vaga para o poema


Não há tempo para o poema


Não há...





O poema há,


Está cá dentro de mim,


Pedindo pra sair.


Mas não há tempo pra ele.

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