sábado, 30 de maio de 2009

PRECISAMOS DE DATAS?


Antonio Luceni
aluceni@hotmail.com


Nesta semana comemora-se o Dia Internacional da Mulher. Em muitos lugares do mundo serão feitas homenagens das mais diversas, às mais simbólicas personagens que, na visão de alguns, contribuíram para que nossa sociedade melhorasse social, espiritual, cultural, educacional e empresarialmente falando...
Não quero dizer que não seja importante homenagear. Aliás, dentro de uma sociedade tão ingrata como a nossa que, normalmente, sabe mais reclamar que agir e agradecer boas ações, encontrar quem o faça é prazeroso.
Entretanto, até pelo fim a que almejam os homenageados, somente a prática do fazer bem, do querer melhorar, do contribuir com o próximo, do militar por esta ou aquela causa é suficiente, por assim dizer, a medalha ou troféu do filantropo.
Como já disse em outras oportunidades, não gosto muito dessa idéia de dia disso ou daquilo... Ao mesmo tempo em que se quer enfatizar um vulto, um episódio ou acontecimento, um ou outro personagem etc., acaba-se por banalizar a data; vemos isso claramente em momentos como natal, páscoa, dia das mães, dos pais, das crianças...
A mulher – e a história o diz – já teve (e em alguns países isso ainda é observável) seus momentos de agruras, de menosprezo, de falta de compreensão... É bem verdade que é vítima, ainda, dos menores salários, do desdém de “machões” que precisaram de uma “fêmea” para virem ao mundo.
Mas, também, não me agrada essa idéia de Dia das Mulheres. Há Dia dos Homens, por acaso? Talvez, uma reivindicação arrojada e atual fosse tirar o Dia das Mulheres. Inserir uma discussão mais próxima e constante cotidianamente. As mulheres discutirem o que querem e, com ações concretas, se fazerem presentes na política, em altos cargos do governo, nas decisões familiares, nas passeatas e manifestos públicos, nas ONG’s e associações de bairros etc., etc., etc.
Ao que parece, precisamos de datas para nos lembrar de tudo o que devemos fazer durante todo ano: respeitar os idosos, aos pais e aos irmãos, celebrar a vida numa ceia com nossos irmãos, abraçar amigos (e inimigos, se houver oportunidade), valorizar o negro, o branco, o amarelo e os demais “tons” que surgirem da linda mistura de todas as cores, tolerar (e a palavra é esta mesmo!) as diferenças e opções religiosas, sexuais, sociais, descansar em alguns momentos do ano, relaxar nas férias, visitar amigos e parentes em feriados prolongados.
Pra isso tudo não precisamos de datas, mas sim de sensibilidade!

Antonio Luceni é professor universitário e escritor.

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